20/05/2010

A gafe de Dilma, história de uma triplice indiscrição.

(de Teerã, nosso correspondente Mico Leão)

Ahmadi sob disfarce. Dr Strangelove?


Uma fonte demasiado bem informada me revelou a verdadeira história por trás da suposta gafe de Dilma quando deixou escapar que "o Irã tem armas nucleares mas estão sob controle".

Tudo começou com um encontro secreto, a dois, entre Lula e Ahamadinejad, num local ultrasecreto. Ahmadi veio disfarçado de alguém que Lula lembrava conhecer vagamente,  Como sua habitual exuberância nosso estadista mor quebrou o gelo com uma proposta cultural e religiosamente chocante:

--Ô Ahmadi, eu sei que tua religão proibe, mas é oportunidade de uma vez na vida.  Com certeza Alá, com tantos problemas pelo universo,  não está neste momento prestando a atenção em você que já tem crédito de sobra com Ele... Eu tenho cá uma caninha, lá do norte, coisa muito fina. Um golinho só, unzinho, um traguinho, não vai me fazer a desfeita de recusar...

 O sinistro baixinho ficou chocado com o convite, uma autêntica ofensa aos seus valores e vedações mais arraigadas. Mas a tentação bateu forte. Só uma vez, só uma única. Um teste. Se era homem para confrontar o grande satã, o satanzinho existente dentro daqula garrafa de Havana --o nome ajudou a quebrar a resistência-- não era páreo para um candidato ao martírio no apocalipse como ele.

 Sorveu a pinga até a última gota. A primeira de sua vida tão virtuosa.

 Alá estava distraído ma non troppo. Sempre fica de olho nos seus. Puniu-o de imediato com um porre descomunal. Ahamadi viu um Lula, dois Lulas, três Lulas. Quando chegou no quarto sapo barbudo desandou a falar qualquer coisa. Misturou blasfêmias, invectivas contra judeus, sunitas, europeus, americanos e muito particularmente Barack Obama.

 --O Grande Satã pensa que vai nos impedir de construir A Bomba. Mal sabem eles...Vou te dizer uma coisa: os infieis não notaram mas acabamos de construir a  Primeira, em uma de nossas mais secretas instalações subterrâneas. Alá seja louvado...

 A conversa durou mais um tempo, Ahamadi falou mais um monte de coisas, algumas desconexas e incomprensíveis. Terminou trancando-se no banheiro para vomitar e fazer suas abulações. Fez Lula jurar  que nem pio vazaria daquela histórica revelação reservada ao mais íntimo e único amigo infiel. Ele jurou sobre o Alcorão e fez Lula, aquele idólatra infiel,  jurar sobre a camisa do Corinthians.

 Nosso estadista global pensou de fato em manter o mais denso segredo mas segurar aquilo sozinho, no fundo do peito foi fardo em demasia. Numa das trezentas de oitenta e quatro chamadas do celular de Dilma Rousseff que respondeu, naquele dia, acabou revelando  para sua dileta candidata e provável sucessora o Segredo. 

--Ô Dilma, seguinte,  tu vai jurar que não conta nada prá ninguém mas imagina que o baixinho...o baixinho porra, aquele  mesmo... me contou entre umas e outras –ah, tem gente aí que não sabe beber— que eles já têm a  Bomba. Tu não vai contar prá ninguém, hein, companheira?

 Justiça seja feita. Dilma não ia mesmo contar para ninguém. Naninca de nada. Xongas. Zero. Nem pró Dirceu, nem pro Franklin, nem pra desbocada da Marta. Sua boca ia ser um túmulo milenar. Mas deu se a circunstância...

 Tava aquele monte de repórteres ignorantes ela precisando explicar, pela milésima vez, um dado tão elementar de geopolítica.  Seus imbecis, pensou mas não disse. Entendam, disse, que "o Irã não é o Iraque. É civilização antiga, séria. Gente de nível. Gente grande.  Gente que dá prá conversar. Gente que até" ... e aí foi que se deu o ato falho, o cumichão de língua que a gente não consegue controlar... Igual àquele de que o meio ambiente como grande ameaça para o desenvolvimento sustentável. Aquele que a gente percebe a meio de caminho que está saindo boca fora mas é melhor terminar a frase e seguir em frente, que sabe eles, burros que são, não registram. "Gente que até já têm armas nucleares mas estão todas sob controle. Sob controle, entendem?"

Controle, aliás, é com eles mesmo, pensou mas já não mais disse...

 Fala sério!  Não foi bem uma gafe. Quando muito, meia gafe. Tanto que só saiu num jornal do Rio que todo mundo sabe apoia o Serra. Tanto não foi gafe que ninguém mais deu tanta bola assim. Tanto não foi que até tem um lado bom, que, claro, em sua infinita má vontade, essa imprensa (sem o devido controle da sociedade) não registrou.

 Mas eu registro, diretamente de Teerã:  única coisa digna de nota em todo esse caso é observar inequivocamente  que Lula,  o maior estadista de todos os tempos, o que nunca-antes-na-história-desse-planeta,  sabe mais das coisas. Tá melhor informado que esse Obama, com toda sua CIA, NSA, Pentagono e o esquimbau, que não sabem porra nenhuma. Lula foi o primeiro fora do círculo mais seleto dos mais sublimes aialolás, dos mais seletos milicos da Guarda Republicana e o dos altos  nucelocratas iranianos a saber do Grande Segredo. 

 E Dilma a primeira a revelá-lo tornando-se assim, de longe, a mais transparente candidata de todos os tempos.

 Lula por ter sucitado essa transparência e essa revelação no que pese a pequeníssima indiscrição e transgressão religioso-cultural, é um forte candidato ao Premio Nobel da Paz. Só que dessa vez merecido e não um Nobel mutretado como o lá do outro, daquele mulatinho metido a besta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário