21/10/2012

Lembrando o reflorestamento do morro Dois Irmãos




 O reflorestamento do Morro Dois Irmãos, possivelmente a mais emblemática ação do programa Mutirão de Refloresamento, que desenvolvi na minha gestão à frente da Secretaria de Meio Ambiente (SMAC), nos anos 90, chega à maioridade, em novembro:  completará 18 anos! 

 Pouca gente se lembra como era o Morro Dois Irmãos, quando iniciamos, na sequência de uma luta bem sucedida para impedir a construção de um hotel e dois outros prédios na encosta do morro com consequências ambientais e paisagísticas assustadoras.Essa vitória permitiu a implantação do Parque Penhasco Dois Irmãos.

REFLORESTAMENTO DOIS IRMÃOS NO YOUTUBE

Vale a pena relembrar esse programa socio-ambiental pioneiro que teve como grandes  coordenadores, entre outros, Márcia Garrido e Celso Junios, engenheiros florestais da prefeitura. Selecionado pelo programa "Megacidades", das Nações Unidas, como um dos dezesseis programas de ecologia urbana de grande relevancia em todo o planeta, o projeto Mutirão Reflorestamento foi um exemplo de integração entre o ambiental e o social. Um dos principais problemas ambientais do Rio de Janeiro era o desmatamento de encostas que provoca a erosão e frequentes desabamentos,muitas vezes com vítimas fatais,durante as fortes chuvas de verão.

Esses desmatamentos eram muitas vezes o resultado da ocupação destas encostas por moradias pobres. O reflorestamento destas áreas para prevenir  tragédias vinha sendo buscado há bastante tempo numa cidade que tem o mérito de ter conseguido,no final do século XIX, replantar a maior floresta urbana do mundo:a floresta da Tijuca, previamente devastada pelas plantações de café. Naquela época um militar abnegado,o major Archer, e seis escravos se encarregaram da missão.

    Nos anos 80 governos municipais passaram a contratar firmas ou usar seus próprios funcionários para realizar o reflorestamento. Essa metodologia muitas vezes não foi bem sucedida em função daquilo que é o grande desafio do reflorestamento:a sua manutenção. Plantar mudas é fácil,o dificil é protegê-las depois de predadores de variada espécie e,sobretudo, dos dois grandes inimigos: o capim colonião --uma vegetação de origem africana,extremamente rápida e invasora,que chegou ao Brasil a bordo dos navios negreiros que tranportavam escravos--  e as cabras que proliferam nos morros da cidade.

   Em 1986 surgiu o Projeto Mutirão com uma metodologia simples e efetiva: reflorestar utilizando a mão de obra das próprias comunidades. Em cada uma dessas comunidades era escolhido,em assembleia geral,o encarregado da obra e depois designados os serventes,todos remunerados pela Prefeitura da Cidade. Essas equipes,orientadas por engenheiros florestais da Prefeitura passavam a realizar o plantio e depois assegurar a conservação das mudas. Até a presente data quase 2 mil hectares  foram reflorestados pelo projeto Mutirão-Reflorestamento que atualmente está presente em 80 comunidades.

  O Mutirão-Reflorestamento não foi apenas uma técnica de plantio e manutenção de árvores mas também um caminho de educação ambiental. Uma comunidade servida pelo projeto depois de  algum tempo passava a ser ambientalmente consciente, desperta para a importancia de preservar o verde e autolimitar seu próprio crescimento em busca de uma melhor qualidade de vida. 


Antes do reflorestamento




Jornal do dia em que começou: 5 de novembro de 1994

Cena do Mutirão
Anos depois...


Com o coordenador do reflorestamento, em 2006
Noticias sobre o conflito que precedeu o reflorestamento





              

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