23/09/2012

Transporte hidroviário: a conexão Centro-Barra



 Um mico antológico em minha trajetória política ocorreu em 2000 quando promovi uma demonstração da viabilidade do transporte hidroviário  Praça XV- Barra da Tijuca. Enchemos o barco de amigos, personalidades, socialites da Barra.  Foi tudo muito bem organizado, utilizando o Jumbo Cat, um catamarã próprio para as águas da Baia da Guanabara. Esperava-se um mar calmo de almirante –essa era a previsão dos concessionários da embarcação--  mas, ao sairmos da baia o mar ficou agitado e muita gente – fui o primeiro!--  enjoou e vomitou! 

 Não adiantou explicar à imprensa que aquele catamarã era proprio para as águas da baia e que havia outros, fora do Brasil, com estabilizadores eletrônicos, usados inclusive no agitado mar do Norte, que poderiam ser utilizados em desconforto. Segundo estudos,  o mar estaria improprio para essas embarcações especialmente adaptadas só uns 12 dias por ano, em média. Rendeu uma matéria grande, negativa,  no então importante JB. O mínimo que se pode dizer é que a reporter, que também enjoou, não foi lá muito compreensiva comigo...

 Não obstante o mico ficou claramente comprovado que um catamarã longe de sua velocidade máxima fizera o trajeto Praça XV- Quebra Mar em apenas 27 minutos!   Uma vantagem inegável em relação à via crucis de engarrafamentos que hoje se enfrenta a qualquer hora do dia. Uma viagem super agradável, se tivessemos a disposição o catamarã apropriado. 

 Durante minha gestão na SMU/IPP retomei o assunto e fizemos, no IPP, um estudo. Ficou  claro que havia grupos interessados em importar os catamarãs para mar aberto e explora-los, não só nesse tajeto direto como em linhas “paradoras” na baia e no litoral. No nosso projeto havia estações em Cototá, Galeão, Fundão, Praça XV-Santos Dummont, Flamengo, Botafogo, Forte Copacabana, Quebra Mar, Ayrton Sena, Recreio e Guaratiba.

 Em 2002,  a ANTAC, a agência federal de transporte aquaviário, reconheceu o poder concedente dos municípios para linhas servindo exclusivamente o território municipal.  Planejou-se licitar as linhas mas depois que deixei a prefeitura, no início de 2006, não houve continuidade.

 O principal problema é o do investimento nas estações, particularmente as de mar aberto como a  perto da Av Ayrton Senna (lá onde havia o pier do emissário submarino da Barra). Era, em 2006, um investimento de aproximadamente R$ 100 milhões. Sugeri ao então prefeito que metade poderia ser gerada por uma operação urbana envolvendo o lote 27, da Av Lucio Costa, situado exatamento no local e que não tinha parâmetros definidos em função de um conflito que tivemos com os proprietários na época da regulamentação da APA Marapendi. 

 A decisão, no entanto, foi utilizar esse mecanismo para ajudar no financiamento do túnel da Grota Funda. Mais uma vez o modelo rodoviarista prevaleceu sobre outras alternativas e, de lá para cá, os engarrafamentos só fizeram piorar.

 A conexão hidroviária Centro-Barra e as linhas “paradoras” continuam na ordem do dia. Candidatos a prefeito: quem encampa essa?











3 comentários:

  1. lamentável a sub-utilização do nosso potencial hidroviário!

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  2. Muito boa toda essa história, e é extremamente gratificante saber que tem alguém que pensou em algo alternativo aa esse desenvolvimento rodoviáriarista que vivemos no rio de janeiro! Ante ontem dia 13/10/2015, voltei com esse debate para alguns amigos e fui ridicularizado! Mas sei que é possível o desenvolvimento aquaviário do estado do Rio! Espero que tenha alguém ainda com essa luta!

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  3. Acho o transporte hidroviário subutilizado, porém a linha para barra é sujeita a muitos problemas devido à condição de mar. Mesmo uma embarcação mais estável faria com que muitos passageiros enjoassem. Isso sem mencionar os acidentes possíveis em dias de mar agitado e o impacto ambiental da construção das estações que necessitariam de grandes quebra mares nas estações oceânicas. Isto alertaria completamente a dinâmica sedimentar das praias podendo levar a prejuízos enormes e alterações permanentes.

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