Um mico antológico em minha trajetória política ocorreu em
2000 quando promovi uma demonstração da viabilidade do transporte hidroviário Praça XV- Barra da Tijuca. Enchemos o barco de
amigos, personalidades, socialites da Barra. Foi tudo muito bem organizado, utilizando o
Jumbo Cat, um catamarã próprio para as águas da Baia da Guanabara. Esperava-se
um mar calmo de almirante –essa era a previsão dos concessionários da embarcação-- mas, ao sairmos da baia o mar ficou agitado e muita
gente – fui o primeiro!-- enjoou e vomitou!
Não adiantou explicar à imprensa que aquele catamarã era proprio para as águas da baia e
que havia outros, fora do Brasil, com estabilizadores eletrônicos, usados
inclusive no agitado mar do Norte, que poderiam ser utilizados em desconforto.
Segundo estudos, o mar estaria improprio para
essas embarcações especialmente adaptadas só uns 12 dias por ano, em média. Rendeu uma matéria grande, negativa, no então
importante JB. O mínimo que se pode dizer é que a reporter, que também enjoou, não foi lá muito compreensiva
comigo...
Não obstante o
mico ficou claramente comprovado que um catamarã longe de sua velocidade máxima fizera o trajeto Praça XV- Quebra
Mar em apenas 27 minutos! Uma vantagem inegável em relação à via crucis de engarrafamentos que hoje se
enfrenta a qualquer hora do dia. Uma viagem super agradável, se tivessemos a disposição o catamarã apropriado.
Durante minha gestão na SMU/IPP retomei o
assunto e fizemos, no IPP, um estudo. Ficou claro que havia grupos interessados em
importar os catamarãs para mar aberto e explora-los, não só nesse tajeto direto como em
linhas “paradoras” na baia e no litoral. No nosso projeto havia estações em
Cototá, Galeão, Fundão, Praça XV-Santos Dummont, Flamengo, Botafogo, Forte
Copacabana, Quebra Mar, Ayrton Sena, Recreio e Guaratiba.
Em 2002,
a ANTAC, a agência federal de transporte aquaviário, reconheceu o poder
concedente dos municípios para linhas servindo exclusivamente o território
municipal. Planejou-se licitar as linhas mas depois que deixei a
prefeitura, no início de 2006, não houve continuidade.
O principal problema é o do investimento nas
estações, particularmente as de mar aberto como a perto
da Av Ayrton Senna (lá onde havia o pier do emissário submarino da Barra). Era, em 2006, um
investimento de aproximadamente R$ 100 milhões. Sugeri ao então prefeito que
metade poderia ser gerada por uma operação urbana envolvendo o lote 27, da Av
Lucio Costa, situado exatamento no local e que não tinha parâmetros definidos
em função de um conflito que tivemos com os proprietários na época da
regulamentação da APA Marapendi.
A decisão, no entanto, foi utilizar esse
mecanismo para ajudar no financiamento do túnel da Grota Funda. Mais uma vez o
modelo rodoviarista prevaleceu sobre outras alternativas e, de lá para cá, os
engarrafamentos só fizeram piorar.
A conexão hidroviária Centro-Barra e as linhas
“paradoras” continuam na ordem do dia. Candidatos a prefeito: quem encampa
essa?
lamentável a sub-utilização do nosso potencial hidroviário!
ResponderExcluirMuito boa toda essa história, e é extremamente gratificante saber que tem alguém que pensou em algo alternativo aa esse desenvolvimento rodoviáriarista que vivemos no rio de janeiro! Ante ontem dia 13/10/2015, voltei com esse debate para alguns amigos e fui ridicularizado! Mas sei que é possível o desenvolvimento aquaviário do estado do Rio! Espero que tenha alguém ainda com essa luta!
ResponderExcluirAcho o transporte hidroviário subutilizado, porém a linha para barra é sujeita a muitos problemas devido à condição de mar. Mesmo uma embarcação mais estável faria com que muitos passageiros enjoassem. Isso sem mencionar os acidentes possíveis em dias de mar agitado e o impacto ambiental da construção das estações que necessitariam de grandes quebra mares nas estações oceânicas. Isto alertaria completamente a dinâmica sedimentar das praias podendo levar a prejuízos enormes e alterações permanentes.
ResponderExcluir