04/10/2013

A despedida do PV



 Depois do não-registro da Rede, cogitei em permanecer no PV. Afinal fui fundador do partido, redator do manifesto e do programa, presidente nacional 8 anos –passei democraticamente o bastão, em Convenção, em 1999, num dia feliz— fui seu candidato a presidente, em 98,  e certamente,  depois do Gabeira, o quadro verde mais conhecido nacional e internacionalmente.

 Contava me reunir hoje às 14 horas com a executiva estadual no Rio de Janeiro, particularmente a presidente Carla Piranda e o Roberto Rocco. Minha amiga  deputada Aspásia Camargo, que ficara de mediar a conversa,  me comunicou que a mesma fora desmobilizada e que o deputado Zequinha Sarney lhe avisara que o presidente vitalício --e coveiro oficial do PV--  Zé do Caixão Luiz Penna, instruíra os mencionados dirigentes fluminenses a não me receberem. Eles, apesar da longa história que têm comigo, covardemente obedeceram.

 É triste o que ocorre com o PV. Sua descaracterização é tremenda. Mesmo pelo critério mais pragmático mingua a olhos vistos. Parece um desmoronamento sem fim. 

É uma tristeza. Na sede várias pessoas choraram quando chegou o pedido de desfiliação que encaminhei diante da recusa dos dirigentes de dialogaram comigo. Foram 27 anos da minha vida. Foi uma história bonita. O PV teve uma fase heroica,  foi importante para consagrar uma série de conceitos da ecologia política e realizações inúmeras na gestão local, sobretudo no Rio. Restam alguns bons companheiros, o que será deles nesse processo?


 Depois do seu auge em 2008 no Rio e 2010 em todo Brasil, com a campanha de Marina veio a sucessão de tragédias.  Como os seres humanos os partidos nascem, crescem, envelhecem e morrem. O processo do PV parece ser muito prematuro. O que é mais triste não é nem mesmo a presidência vitalícia do seu coveiro mas a aquiescência dócil do resto da executiva nacional à tirania interna...

 Bola pra frente, doravante vou esquecê-los e me fixar nos bons momentos e boas memórias que o PV me proporciona, foi uma bela história, enquanto durou. Vamos lembra-la em imagens?  



A fundação do PV no Teatro Clara Nunes, em janeiro de 1986
Com Juca Ferreira, Gilberto Gil e Gabeira

1988, a primeira campanha a gente não esquece...

Candidato à presidência, 1998

Campanha de 2000

No Salve a Amazônia com Chico Mendes

Antes das ciclovias, as bicicleatas

O abacaxi nuclear
A campanha de 2006

2008, o auge no Rio
Com Marina e Gabeira, Brasil no Clima

3 comentários:

  1. Força. Sirkis! Todo o meu apoio nesta decisão.

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  2. Caro Alfredo Sirkis, por influencia sua e e de Juca Ferreira, com um grupo de aproximadamente 90 pessoas aqui de Brasília, tentamos construir um Partido Verde e um Programa para o DF. Lamentavelmente fomos bombardeados e desestimulados a tocar essa proposta. Cada um foi cuidar de sua vida e eu nunca mais me vinculei a qualquer partido político. Tinha no PV o sonho, a utopia que julgava perdida ao largo do processo de mudanças no mundo nas últimas décadas do seculo passado. Apesar de não apoiar Marina, com quem trabalhei no Ministério do Meio Ambiente, lamento o desfecho dessa etapa, mas você sabe perfeitamente que a construção de um partido político consistente tem que ter muito suor, organização, formação, militância, tudo o que os anos de combate a ditadura nos ensinaram. É por aí, não desanime nem desista, você é uma liderança muito importante, uma referência política, coerente com seus pensamentos, franco, enfim, com atributos que são respeitados por todos os brasileiros da nossa geração. Não voto em Marina, mas teria assinado a criação da Rede mesmo com as críticas que tenho. Não desanime, a luta tem que continuar e você é uma liderança muito importante para submeter-se ao autoritarismo do "dono"do PV. Se ele ordenou que não o recebessem, não importa, é apenas um percalço, mas a roda da vida anda para a frente. Termino com um trecho de um conhecido verso de Antonio Machado: "caminante, son tus huellas/ el camino, y nada más; caminante, no hay camino,/se hace camino al andar. Al andar se hace camino,/ y al volver la vista atrás/ se ve la senda que nunca/ se ha de volver a pisar./ Caminante, no hay camino,/ sino estelas en la mar.
    Fraterno abraço, Paulo Brum

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  3. Se cheio de si mesmo por um capricho vão tem por desdouro o ir onde os outros vão, e com o dedo apontado famoso delirante, que por buscar o belo, caiu no extravagante: bem como o passageiro que néscio e presumido quis trilhar por seu gosto o atalho não sabido, perdeu-se. deu mil giros, andou o dia inteiro, e foi cair de noite em sórdido atoleiro.

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