Tudo se
baseia na denuncia de um delator e o motivo seria o suposto fato de Marielle
estar “atrapalhando” Siciliano nos seus redutos, especificamente na Cidade de
Deus. Os seus próprios companheiros do PSOL tratam com cautela a delação e
desconhecem uma atuação maior de Marielle naquele e outros “redutos” do
vereador. Assassinatos desse tipo, por disputa em torno de currais eleitorais não
são comuns na cidade do Rio de Janeiro (não me lembro de nenhum) embora ocorram
com frequência na Baixada Fluminense e no interior. Em todo caso tendem a
acontecer perto do período eleitoral quando se estabelece uma concorrência feroz
em torno dos votos de uma determinada área entre candidatos para os quais ela é
vital. Não parece ser esse o caso.
A ansiedade que todos sentimos por essa solução
pode ser contraproducente e a pista parece ter sido prematuramente vasada. A imprensa
faz seu papel mas o depoimento do ex-miliciano necessita ser devidamente
checado e dissecado. Um homem na sua situação tem interesse em acusar os que ameaçam sua vida de
um crime de grande visibilidade porque isso melhora suas condições de proteção.
Por
outro lado, se o crime teve a sofisticação estratégica e tática que me pareceu
possuir, semear pistas falsas pode ser parte do jogo. No crime perfeito
chega-se a uma solução falsa que oculta definitivamente os autores. Não estou
dizendo que seja o caso. Apenas, diante da leitura dessas primeiras informações, vejo necessidade de muita cautela pois há no ar ingredientes que
desaconselham achar que o caso já esteja solucionado. Motivo do crime é sempre
o elemento central e, até agora, soa frágil. Vamos aguardar os desdobramentos.
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