Vejo
avanços promissores no tema dos ciclos quinquenais de revisão de metas para
mais ambição –nisso a posição brasileira é boa—e no estabelecimento do objetivo
de longo prazo da drástica des-carbonização um tema até pouco francamente tabu.
Os chefes de estado promoveram seu circo logo
no começo, alguns discursos foram algo positivos como os de Obama, François
Hollande e Xi Jinping mas nada de realmente novo. O de Dilma foi razoável e na
conferência de imprensa, na fala
inicial, foi digna de nota sua
referencia à energia solar no Brasil. Fez com uma ênfase incomum de sua parte.
Na continuidade, porém, na parte de
perguntas e respostas, os jornalistas
brasileiros esqueceram completamente o clima e só perguntaram sobre a crise política: Severó
--“ele não gosta de mim” explicou Dilma-- Delcídio, Cunha et catevra. Os jornalistas estrangeiros(poucos) também não quiseram
saber de clima, seu tema foi o acidente ecológico em Minas Gerais. Resumo da ópera:
o clima foi para o espaço...
Outros chefes de estado como Erdogan quem
cruzei a poucos passos e o Putin, seu atual arqui-inimigo, falaram do clima en passant, sua ênfase era mais geopolítica.
Qual será a influência dos chefes de estado? O impulso dos líderes políticos
terá alguma influência maior sobre a casta dos negociadores, este estamento
internacional a parte que dentro de suas especialidades específicas e jargões
que só eles entendem, dominam o processo negociador de fato, COP trás COP?
Sinceramente, penso que provavelmente não tão grande assim.
Bom exemplo disso é o que está acontecendo no
Work Steam 2 onde está a nossa famosa frase sobre o reconhecimento do “valor
social e econômico” das ações de mitigação, o primeiro e indispensável passo
para a chamada precificação positiva redução de carbono. A frase sofreu
“ataque” da UE e dos EUA. UE propôs substituir expressão recognizes (reconhece) por acknowledges
(toma nota) e os americanos propuseram substituir social and economic value of voluntary mitigation actions por enduring value of early mitigation action,
que até seria aceitável como acréscimo mas nunca como substituição pois mata a
proposta! A informação é que no caso da UE seria uma represália ao Brasil ter
discordado da validação de certos tipos de créditos de carbono. No caso dos EUA,
é menos compressível na medida em que a
frase proposta é praticamente idêntica a que consta da declaração presidencial
conjunta Brasil - EUA, de junho,
ou seja, ela tem a chancela do presidente Barack Obama...
Isso
foi ontem. Hoje depois de uma série de articulações a frase voltou na sua
integralidade e um acréscimo sem maior problema, no momento está assim: “recognizes the social, economic and
environmental value of voluntary mitigation actions”. Meno male, mas ainda não está
consolidado. Vamos ver...
Por
outro lado o conceito tem que ser levado agora para o capítulo de finanças como um guiding principle, um princípio diretor.
Finanças é a parte mais controversa da COP com a recorrente disputa entre o G77
+ China e dos países desenvolvidos sobre os US$ 100 bilhões devidos ao Fundo
Verde do Clima, até 2020, dos quais só apareceram 10 bi. Evidentemente, penso que os desenvolvidos têm
que “comparecer” pois foi um compromisso assumido previamente. Mas nada disso
resolve o problema pois é preciso uns 3 trilhões, por ano, e a grande pergunta
é como trazê-los do mundo financeiro. Nosso caminho é a precificação positiva,
junto com o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis, a taxação do carbono (que terá que ser
resolvida país a país) e os chamados “mercados de carbono” que são instrumentos
limitados na medida em que agem debaixo dos limites chamado do cap-and-trade ou seja para dar mais
eficiência no cumprimento das atuais metas e não para ir além delas, e isso,
diga-se de passagem, quando são negociados de forma honesta o que nem sempre
foi o caso.
Uma forma de resolver o impasse seria aceitar
que uma parte dos 100 bi fosse em garantias governamentais que poderiam atrair
recursos muito maiores da esfera financeira e viabilizar os “certificados de
redução de emissões’ que estamos propondo na precificação positiva do carbono.
De alguma forma la nave vá.
Sugiro a criação de Leis que obriguem os países poluidores a diminuirem a quantidade de uso de carbono sob pena de serem acusados de estarem cometendo crimes contra a
ResponderExcluirhumanidade