A frase em inglês é a
seguinte: Recognizes the social and economic value of voluntary mitigation
actions and their co-benefits to adaptation, health and sustainable
development; A expressão voluntary e a referência à
adaptação, saúde e desenvolvimento sustentável são acréscimos colocados para
facilitar o consenso para a aprovação, embora no caso do “desenvolvimento
sustentável” tenha enorme pertinência pois reconhecer que redução de carbono =
valor é, em última análise, criar a base
para uma nova ordem econômica internacional da era do baixo carbono.
Havíamos tentado emplacar o conceito, com um palavreado ligeiramente diferente, em Lima, na COP 19, e com esse agora na reunião de Bonn anterior, em setembro. Finalmente, foi consagrada graças ao trabalho persistente do ministro conselheiro
Everton Lucero, de Seyni Nafo do Mali, que tem grande liderança no grupo
africano. Também é importante ressaltar o papel da ministra Izabella Teixeira e
do embaixador José Antônio Marcondes, nosso negociador-chefe. Desde Lima
deram ampla cobertura a esse esforço, inclusive incluindo uma versão parecida a essa na declaração presidencial Brasil-Estados Unidos.
Esse é um primeiro passo de um longo e tortuoso
caminho de enorme ambição. O pano de fundo dessa frase que soa tão anódina é a crucial questão do financiamento da transição para economias de baixo
carbono, na escala que se faz necessária: a dos trilhões de dólares anuais.
Os
governos não dispõem de recursos nessa escala. Quem os possui é o sistema
financeiro internacional que maneja uns 300 trilhões mas que, até agora, não se
dispôs a investir pesadamente nisso desestimulado, sobretudo, pela demanda de um forte investimento imediato (upfront investment) que a transição demanda e pela sua
percepção de risco –míope pois muito maior é o risco climático da inação!-- e pelo retorno menor frente a toda sorte de
investimentos especulativos.
Não há “bala de prata” para essa relutância do
dinheiro do planeta convergir rumo ao maior problema que o planeta atravessará
no futuro, mas há caminhos disso acontecer e eles passam por reconhecer e convencionar essa nova unidade valor.
Sua lógica econômica é relativamente simples: o prejuízo das mudanças climáticas
provocadas pelo aquecimento global é hoje quantificável. Isso foi feito no Relatório
Stern e um número associado a um prazo pode ser estabelecido numa negociação
diplomática: tantos trilhões de dólares até 2050, digamos.
A
partir daí é possível “precificar positivamente” cada tonelada de carbono reduzida
e criar uma expressão “monetária” disso, tipo certificados de redução de emissões.
Os governos, bancos centrais e bancos de desenvolvimento, que não têm como, por si só, financiar
os trilhões da transição, podem oferecer garantias a esses certificados.
Metaforicamente falando, a redução de carbono
o é o novo padrão-ouro. Quem viver verá.
Voltaremos ao assunto.
Quanto mais cara for a tonelada de carbono maior será a redução das emissões mas isto só pode ser feito dentro das leis de mercadoFora das leis de mercado só se for através de uma legislação que obrigue a redução das emissões Com multa,por exemplo
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