É
preciso saber ler direito pesquisas, sobretudo quando feitas um ano antes das
eleições. Fossemos imaginar que são capazes de indicar, agora, quem será eleito
em outubro 2014, teríamos tido Sandra Cavalcanti, governadora do Rio, em 1982, Brizola,
presidente em 1989, Conde prefeito do Rio, em 2000 e Crivella, em 2008 e por aí vai. Costuma dizer-se que
pesquisas são o retrato do momento num
processo em constante movimento. A questão é prever o movimento mais a frente , sua tendência e seus possíveis pontos de inflexão ou
mutação.
A pesquisa do Datafolha aparentemente conforta
o grupo palaciano: no cenário mais provável, Dilma versus Aécio e Eduardo
Campos ela ganharia no primeiro turno. No cenário com Marina haveria segundo
turno e nesse segundo turno a distância de Dilma já não é muito segura. O mesmo
acontece embora com alguns pontos a menos no cenário de um segundo turno entre
Dilma-Temer versus
Eduardo-Marina. Eduardo Campos aparece,
pela primeira, vez com dois dígitos e
sua colocação é competitiva quando a pesquisa se dá apenas entre os que o
conhecem. Seu conhecimento ainda é pequeno e sua rejeição a menor o que foge um
pouco ao padrão pois muitos pesquisados rejeitam a quem não conhecem.
Sem ser negativa a pesquisa é algo preocupante
para Aécio pois mostra que o processo eleitoral de 2014, pela primeira vez em
vinte anos, pode fugir à polarização PT
versus PSDB, que foi providencial para as duas vitórias de FHC e depois, ao
reverso, para as duas de Lula e a de Dilma. O fato de Marina aparecer em
segundo e Eduardo vir bem colocado, em curva ascendente, não é bom para os
tucanos que tendem a reeditar, no primeiro turno, sua já tradicional aliança
com segmentos à sua direita.
Cumpre ainda observar que nessa altura ainda
temos o fator recall de 2010 e naturalmente Dilma e Marina, nesse particular, têm
vantagem sobre Aécio e Eduardo. Serra, pelo contrário, obtêm um recall menor que sua votação, em 2010 e
isso somada a sua rejeição faz com que seja sumamente difícil que venha a
substituir Aécio, ainda que topicamente pontue melhor.
A pesquisa aponta para um processo bastante
competitivo e em aberto o que seria muito bom para a democracia brasileira não
tivesse tudo isso já começado no início deste ano numa campanha prematura
desencadeada por opção deliberada do grupo palaciano para cortar na raiz
qualquer veleidade de queremismo lulista por parte da base parlamentar do PT e
do PMDB onde a presidenta não é, propriamente, objeto de desejo.
O prejuízo que
provoca para o país o desencadear prematura de uma campanha eleitoral em pleno
ano ímpar é obvia para qualquer um que conheça a gestão pública no Brasil. O
ano ímpar que normalmente serve para desenvolver uma colaboração entre as esfera
federal, estadual e municipal fica assim contaminado pelas rivalidades, paranoias
e rasteiras inerentes ao processo eleitoral como se dá no Brasil e que se refletem em paralisias na gestão pública. Quem paga o
pato é a população.
Como ecologista eu gostaria de lutar pela preservação
dos anos ímpares...
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