01/09/2010

Acertando a mão da TV

Finalmente o programa de TV de Marina acertou a mão: ela apareceu olho no olho do telespectador, parte do tempo em plano fechado, falando de sua presença no segundo turno. Era o que eu vinha reivindicando já quase em desespero. Quando se tem 1 minutos e 24 segundos apenas para enfrentar dois blocões de 10 e 7 minutos, sendo que o da Dilma muito bem feito, não adianta tentar sofisticar na forma, nem tratar de questões programáticas. Com a exceção do primeiro programa –que desperdiçamos— os horários eleitorais representam um espaço televisivo “sujo”, de escassa atenção. Mesmo os mais politizados não agüentam prestar atenção naquilo, durante 50 minutos. Quem assiste o faz de forma errática, descontínua.

Por isso um programa longo, bem feito, como o do João Santana para a Dilma, é constituído de sucessivas historinhas, todas com a mesma mensagem. Se você só teve saco de assistir 30 segundos dos 10 minutos recebeu pelo menos uma delas. Todas variam em torno dos leitmotivs: Dilma é Lula, o Brasil melhorou muito com Lula, e vai continuar melhorando com Dilma porque ela é apoiada por Lula e está preparada.


Para quem vê o programa todo é chato e repetitivo. Não tem a estrutura parabólica de um filme, mesmo documentário, que tem uma curva dramática: uma tensão crescente que chega a um clímax perto do final. Essa não é a forma da comunicação política bem sucedida que, ao contrário do que alguns concebem, pode ser eficaz sendo meio chata, repetitiva, certamente simplista. Mas, é assim que funciona.

A nossa não deve se dirigir a “gente como a gente”, a quem conhece Marina, já vota em Marina, já admira Marina. Nosso alvo são eleitores pouco convictos de Serra e de Dilma, ou eleitores indecisos. A mensagem é simples: Marina está na disputa. Marina pode ir ao segundo turno. Marina tem mais chance na disputa com Dilma do que Serra. Marina está apta para ser a primeira presidente mulher do Brasil. Marina é Brasil. Tão simples (ou simplista, se preferirem) quanto isso. É o essencial. Quem tem tão pouco tempo tem que focar no essencial e extrair o máximo de sua vantagem competitiva.

Nossa vantagem competitiva é que Marina é uma das raríssimas figuras da política brasileira capaz de sustentar um olho no olho em plano fechado com o telespectador -eleitor e encantá-lo com sua graça. A voz não é muito boa -por isso temos que evitar a narração em off-- mas, o conjunto passa autenticidade, veracidade e integridade, e seu olhar e seu sorriso movem montanhas. Dilma melhorou muito, mas precisa de todo talento de direção --a descoberta da leitura do teleprompter meio de lado, foi um achado-- e de uma edição apuradíssima para conseguir um mínimo de contato emotivo e persuasão. Serra é um excelente explicador, é didático, intelectualmente convincente, mas produz uma desassociação fatal, entre texto e imagem, não envolve nem mobiliza.

A chance de Marina é ser Marina com 100% de exposição no escasso tempo que temos, pouco maior que os dos nanicos, e muito mais próximo destes do que dos dois blocões. O diferencial é justamente a forma aparente tosca e despojada, num contexto em que todos buscam um certo estilismo visual, quase todos ao preço de um certo ridículo pois, com exceção do de Dilma, os programas são bastante ruins.


A idéia é que a pessoa desinteressada em frente a TV, a espera da sua novela, no meio daquela saturação publicitária toda, de repente veja Marina falando-lhe olho no olho e ela consiga a façanha de reter sua atenção por um pequeno minuto: “olha só, essa tal de Marina, que será que ela tem para me dizer?”


Nesse instantezinho de atenção, no meio daquele massacrante tédio, que nenhum edição virtuosa de imagens consegue mais salvar, reside nossa oportunidade de chegar no coração e mente de eleitores, fragilmente alinhados com nossos adversários ou completamente indecisos para seduzi-los a votar Marina. Se conseguirmos mover uns 3% a 4% nas próximas duas semanas poderemos alavancar uma progressão na reta final que eventualmente poderá levar Marina ao segundo turno.

Sim, nós podemos...






2 comentários:

  1. .
    Perfeito, Sirkis !!

    Demorou, mas agora que acertaram a mão, Marina vai crescer muito !! E em cima tanto de Dilma como de Serra !

    Acauã
    .

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  2. Viva Marina, boa sorte! Sinto nela o que é mais escasso, infelizmente, no meio político: ela É gente. Ela de fato TEM uma história de vida, de luta, de vitória contra a miséria, contra a escuridão do analfabetismo. Uma história positiva. Não é feita de conchavos, de armações, de roubalheiras. Para o cidadão comum, como eu, pouco afeito às tramas da política (e sem nenhuma vontade de se aprofundar nelas, porque senão o lodo vai tomar conta), ver alguém como Marina é sentir que há esperança de luz no fim do túnel.
    Espero sinceramente que ela vença e que outros correligionários com o mesmo pensamento consigam também se fazer presentes, para que ela possa governar...

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