28/08/2010

Abraço de afogado entre o on e o off

A entrevista do candidato a vice Márcio Fortes no Globo de hoje merece certos reparos. Não vou analisar os porquês nem os finalmente dessa peça política desastrosa, apenas tratar de certas factualidades.

1 – Nosso adversário na disputa estadual é o governador Sérgio Cabral e não o presidente Lula, como ele trombeteou a sua exclusiva conta e risco. O presidente Lula não é candidato nessas eleições.

2 – Ao contrário do que revela, são muito poucos os candidatos a deputado de partidos da coligação que de fato não estão fazendo a campanha do Gabeira. Não há um caso sequer desses no PV e muito poucos no PSDB e PPS --ainda que no caso dos tucanos tenha a ver com o nada menos que o presidente estadual do partido. Até no DEM todos estão fazendo.

3 – Pretender que só os tucanos aportaram financeiramente para a campanha é um mentira deslavada. Na semana anterior à estréia do programa, um aporte de R$ 250 mil da campanha presidencial impediu a campanha de colapsar pelo desmonte da produtora de TV. Nenhum aporte dos PSDB entrara e havia o clima que ele confidenciou dos "tucanos paulistas não quererem financiar a campanha da Marina”. De fato, chantageavam para ver se obtinham de Gabeira o abandono de Marina o que, evidentemente, não aconteceu. Marina esteve no seu primeiro programa. O PV nada tem contra o Serra também aparecer na tela levando seu apoio ao Gabeira por razões que se autoexplicam. Se depois dessa data os tucanos acabaram aportando uns caraminguás não sei, espero que sim, o relatório de contas ao TRE o dirá.

4 – De fato, o PV é “um partido engraçado”. Melhor seria se tivesse dito, cheio de graça. Já o PSDB anda perdendo a sua graça --não me refiro ao humorismo involuntário-- pateticamente. Entendemos melhor os problemas de Serra quando descobrimos que o nosso candidato a vice pertence ao seu primeiro círculo de mais seletos conselheiros políticos. Junto com outras duas sumidades luas pretas: Sérgio Guerra e Juthay Magalhães.

5 - Quem tem conselheiros desse calibre não precisa de Lula nem João Santana do outro lado. Nem muito menos.

6 - Tucanos, olhem que engraçado: uma tal Marina vem se avolumando em vosso retrovisor. Já se movimentou para o vácuo e vamos entrar numa curva que favorece os carros de motor menos possante mas, aerodinâmica avançada. Isso sem falar nos pneus. Seus gastos, nossos recém trocados e aquecidos.


7 - Ah, sim, já ia esquecendo. A dúvida entre o on e o off de reportagem sobre o qual nosso vice tão hamletianamente discorre. On é quando queremos que nossas aspas saiam e nos creditem nossas declarações. Off é quando queremos veicular uma informação ou opinião que não queremos que nos seja atribuída. Quando concedemos uma entrevista, na qualidade de candidato a vice, ocupando metade de página de um grande jornal, seria de bom alvitre imaginar que estamos falando em on. A entrevista de Márcio Fortes, no futuro, servirá nas escolas de jornalismo como estudo de caso do off em on, ou será do on em off ???.


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