Suponho que um momento desses tenha sido o início da Segunda Guerra Mundial, com os tanques de Hitler conquistando a Europa. Ou o dia em que Mahatma Ghandi foi assassinado, enterrando qualquer esperança de convivência pacífica entre hindus e muçulmanas na India recém independente. Ou quando Isaac Rabin foi assassinado por um ultra-sionista fanático. Ou nos 11 de setembro, no Chile, em 1973 e em Nova York, em 2001. Ou quando Bush invadiu o Iraque. Dias funestos para a humanidade.
O que aconteceu na semana passada quando ficou claro que o Senado norte-americano não votaria nenhuma Lei, reduzindo emissões de gases de efeito estufa, fazendo tábula rasa da modesta lei aprovada ano passado na Câmara de Representantes, a grande mídia global não registrou o fato com a dramaticidade dos eventos que enumerei acima. Deveria, porque à diferença das tragédias históricas acima mencionados, afetará o planeta como um todo, de forma irreversível e estarão não sujeitos às reversões e peripécias da história humana.
Esse retrocesso nos EUA, num momento estratégico, tende a produzir um “efeito dominó”: a China e a Índia terão a melhor desculpa do mundo para permanecer aferrados a sua posição de não cortar emissões, apenas moderar a “intensidade de suas emissões por percentual de crescimento do PIB”. O Brasil, que avançou significativamente no ano passado, embora em metas “voluntárias” pode transformá-las em papo furado. Isso, certamente, ocorrerá se o relatório Aldo Rebelo, de castração do Código Florestal, for aprovado. A Europa, em crise e o Japão, em persistente mal estar econômico, correm o risco de começar a se esquivar de suas metas compulsórias assumidas a partir do Protocolo de Kioto e ampliadas em Copenhagen.
Isso quando os cientistas do IPCC já diziam claramente que, mesmo que os EUA implementassem o Climate Bill, aprovado na Câmara, em 2009, a Europa reduzisse de 20% suas emissões e o Brasil, a China e a Índia começassem a reduzir sua curva de crescimento de emissões significativamente, ainda não seria suficiente para garantir que aumento da temperatura média do planeta não ultrapassasse os 2 graus, a partir dos quais as conseqüências do aquecimento Global tendem a ser cada vez mais dramáticas.
O quadro de aumento continuado das emissões que se esboça é muito pior. Aponta para um terrível cenário climático ainda no horizonte de vida de nossos filho e netos. O risco de uma evolução para os cenários exponenciais-apocalípticos começa a entrar na ordem do dia.
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