31/05/2010

Gaza: Netanyahu como Salazar

Bibi Netanhahu leva ao extremo a lógica do isolamento. Lembra o ditador colonialista português Oliveira Salazar que gostava de ver os portugueses ” “orgulhosamente sós”.

 O governo de Bibi Netanyahu, uma coligação da direita com a extrema-direita e os desmilinguidos trabalhistas de Ehud Barak, levou a política de isolamento do Estado de Israel os extremos mais inimagináveis. Sua ação obtusa, brutal e incompetente tentando impedir o acesso a Gaza de uma flotilha de embarcações humanitárias que partiram da Turquia provocou uma dezena de mortos, várias dezenas de feridos de várias nacionalidades e grandes danos na relação com a Turquia, a União Européia e um desgaste brutal da já tão queimada imagem de Israel em todo o mundo.

 Não se trata apenas dos erros táticos que conduziram ao gravíssimo incidente e o uso de forçar desproporcional. O fundamental é a estratégia que levou a que essa situação se tornasse possível.

 Está claro para todos que o governo de Netanyahu não tem a menor intenção de negociar a paz nem com os mais moderados dos palestinos. Sua insistência em negociações diretas ou indiretas com a Autoridade Palestina é simplesmente uma tática para tentar defletir pressões enquanto procura consolidar os fatos consumados da colonização na Cisjordânia e na parte árabe Jerusalém  numa política que visa simplesmente ganhar tempo e livrar-se das pressões da administração Obama.

 A ilusão da direita israelense de que o tempo trabalha a seu favor é de uma cegueira impar. O tempo para a solução de dois estados está se esgotando na medida em que o território para a criação de um estado palestino viável vai se retraindo todos os dias e fica cada vez mais patente que em breve a equação inevitável será um estado binacional não democrático em regime de apartheid com os palestinos politicamente dominados pelo fundamentalismo islâmico.

 Israel vem afastando de si, um a um, todos seus interlocutores árabes mais moderados, a Autoridade Palestina, o Egito, a Jordânia e agora entra em conflito com a Turquia um país até pouco tempo amigo. Suas relações com a Europa já são ruins há muito tempo e agora começam a se deteriorar com os EUA onde a base de apoio a Israel fica cada vez mais restrita aos republicanos, à direita judaica e aos fundamentalistas evangélicos.

 É evidente que o controle sobre Gaza por parte do Hamas é um grande problema não só para Israel como, sobretudo, para os próprios palestinos. Mas ao punir o conjunto de sua população com um bloqueio que vai muito além de qualquer coisa razoável Israel fortalece fundamentalmente o próprio Hamas que monopoliza o abastecimento a través de seu sistema de túneis.

 A mecânica do episódios dos barcos, o maior ou menor grau de provocação que possa ter ocorrido e servido para precipitar ou agravar o derramamento de sangue francamente não é o ponto. O ponto é a política geral de preferir territórios ocupados à paz e a propensão, cada vez maior, a seguir a máxima do velho ditador  fascista português, Oliveira Salazar: “Orgulhosamente sós”. 

Um comentário:

  1. .
    Bem, até que enfim um comentário que não seja só contra i Irã...

    Mas percebo que a base do artigo é mais "como Israel continua manchando sua imagem...". Está bem mais leve que o que tens dito do Irã. Não que eu defenda qualquer estado Fundamentalista. Mas é meio desprporcional o como pegas o Irã e como pegas Israel.

    Veja, honestamente, o Genoicídio sistemático contra os Palestinos.
    Vá no Blog do Emir Sader (que não gosto muito, mas escreveu claramente.

    O que acontece lá é um horror. Puro Terror.

    Temos tanto medo da mídia assim ?

    Acauã Rodrigues
    .

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