15/05/2018

Os antisemitas de Trump e Netayahu


A inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém,  na presença de Bibi Netanyahu e dos enviados de Trump sua filha Ivanka e seu genro Jared Kushner,  tive um episódio surrealista, tragicômico,   que foram os discursos dos pastores Robert Jaffres, de Dallas e John Hagee escalados pela administração Trump para dar o “toque espiritual” do evento.

 Ambos são  "sionistas cristãos" e notórios anti-semitas. Jaffres apareceu num vídeo incluindo a judaica no rol de religiões cujos adeptos iriam arder no inferno e Hagee sustenta que Adolf Hitler foi enviado por Deus para empurrar os judeus para reocuparem a terra bíblica. 

 Esses "sionistas cristãos" são os maiores apoiadores das posições mais extremadas em Israel. E são os mais exaltados defensores de suas ações militares e repressivas mais drásticas que resultem em mortes de muçulmanos. 

 Tudo isso por razões “espirituais” específicas: a corrente religiosa fanática de Jaffres e Hagee acredita piamente que Israel acelera o advento do fim dos tempos quando dois terços dos judeus serão exterminados e o terço restante encontrará o caminho de Jesus. 

Belos d'uns aliados...

 No mesmo dia em que Netanyahu inaugurava a embaixada com Jaffres, Hagee, Ivanka e Jared Kushner,  suas tropas na fronteira de Gaza matavam 60 manifestantes desarmados que tentavam se aproximar da cerca de fronteira com Israel.

 Com relações cada vez mais deterioradas com boa parte dos judeus pelo mundo afora o governo ultra-direitista de Israel namora ostensivamente antesemitas da ultradireita europeia e norte-americana ao mesmo tempo que calunia, persegue e discrimina judeus que discordam de suas políticas absurdas, estúpidas e potencialmente suicidas que estão transformando Israel num estado de apartheid e destruindo sua democracia.

  Tragicamente, na sua cegueira, Netanyahu está seguindo perfeitamente o roteiro traçado por esses pastores aloprados: está mergulhando Israel num conflito cada vez maior com os outros povos da região, isolando-o do resto do mundo e semeando conflitos futuros com potencial apocalíptico. Sua visão política e militar é autodestrutiva a médio e longo prazo, não leva em conta o fator tempo, a demografia e a profundidade estratégica. 

 A curto prazo, porém,  pode contar com Trump, seja  para o que for. No entretempo continuará a brincar com a sorte. Bibi Netanyahu no que pese seu cripto-fascismo,  sempre foi prudente em relação a aventuras militares mas, agora.  com Trump na Casa Branca sente-se liberado para as ações mais dementes e aventureiras. 


 Tudo parece um teatro do absurdo que nem Ionesco entenderia. Mas é o mundo real.

 Para usar a velha expressão, Bibi é mau para os judeus.

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