Um grande derrotado: o prefeito Eduardo Paes.
Um bom prefeito cujas vitorias e realizações lhe subiram à cabeça fazendo
emergir um cinismo, uma soberba e uma arrogância que lhe fizeram perder o
juízo.
Passou a achar que possuia passe livre para
tratar as pessoas de qualquer maneira e dizer qualquer coisa. Não assimilou algo a respeito do eleitor do Rio: puxa para baixo
com o mesmo vigor que colocou lá em cima a quem perde a humildade. Aconteceu
com Brizola, César e Cabral. Aliás, no Rio, reeleição é um perigo...
Aritmeticamente Paes perdeu ao ver seu campo
pulverizado. Somados os votos de seus ex-secretários todos, Osório, Índio,
Pedro Paulo (e –se esqueceram?—Jandira), estaria confortavelmente no segundo
turno.
Nessa eleição, curiosamente, o
centro, centro-direita e direita se dividiram em cinco, Pedro Paulo, Bolsonaro,
Osório, Indio e Migueles e a esquerda em
apenas três, Freixo, Jandira e Molon. E
a esquerda soube efetivar o “voto útil”
na reta final!
Outro dado importante: o
não-voto. Nunca dantes tanta abstenção, brancos e nulos.
Um vitorioso inconteste: Crivella. Finalmente
subiu de patamar e isso na cidade do Rio, não no estado onde lhe seria mais
fácil. Venceu o pé atrás carioca com o “mistura política com religião”. Entra
bem posicionado para o segundo turno. Outro vitorioso inconteste: Fábio
Bolsonaro: o PT conseguiu, depois de muito esforço, ressuscitar a extrema
direita brasileira, embora ele não seja exatamente a cópia do pai e possa
evoluir em direção a uma direita mais civilizada, eventualmente. O Partido Novo
que representa um centro-direita liberal é a novidade emergente dessa eleição.
Um vitorioso relativo: Freixo vai ao segundo
turno com menos força eleitoral que a sua própria, em 2012 e a de Gabeira, em 2008. Sua grande
vitória é a hegemonia dentro da esquerda arrancada do PT de Jandira com muita
folga. O PSOL ocupa o espaço que era do PT na Câmara. A soma dos votos de Freixo, Jandira e Molon
indica, no entanto, um recuo eleitoral
da esquerda como um todo no Rio. É só contar os percentuais e os votos
comparados com os pleitos anteriores.
Antigamente (se somada) a
esquerda dividida PT e PDT era clara maioria na Cidade, não é mais. Embora Freixo certamente deseje vencer
no segundo turno, seu partido não permitirá que faça as alianças e adote o
discurso necessários par tanto.
Será mais importante para eles firmarem uma hegemonia sobre a esquerda e
liderar o “Fora Temer”. Isso não chega a ser uma causa oportuna para candidato a uma prefeitura que
comprovadamente perde ao entrar em conflito com o governo federal. Como não
fazê-lo pregando a destituição do presidente –que de todas maneiras já vai
estar fora em janeiro de 2019? É algo
que não vai ser muito fácil explicar mas esse primeiro momento é de
compreensível euforia.
O PSOL vem se firmando como correlato do
Podemos e do Sirza, na Espanha e na Grécia. Deveria, no entanto, estudar bem o
drama do Sirza ainda que no Rio a
probabilidade maior é que não venha a ter que experimenta-lo.
E um drama terminal: verdes e redistas não elegeram um único
vereador! Não representa, no entanto,
uma derrota correlata da causa ambientalista/sustentabilista hoje disseminada
em diversos partidos. É bom observar também o outro lado da baía, Niterói, onde
Rodrigo Neves livrou-se do petismo, em tempo hábil e teve uma gestão reconhecida,
com o grande aporte de Axel Grael –esse impedido de ser o vice novamente. Neves ficou bem na fita e bem colocado para o
segundo turno.
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