03/10/2016

Análise do primeiro turno


Um grande derrotado: o prefeito Eduardo Paes. Um bom prefeito cujas vitorias e realizações lhe subiram à cabeça fazendo emergir um cinismo, uma soberba e uma arrogância que lhe fizeram perder o juízo.

 Passou a achar que possuia passe livre para tratar as pessoas de qualquer maneira e  dizer qualquer coisa. Não assimilou algo  a respeito do eleitor do Rio: puxa para baixo com o mesmo vigor que colocou lá em cima a quem perde a humildade. Aconteceu com Brizola, César e Cabral. Aliás, no Rio, reeleição é um perigo...


 Aritmeticamente Paes perdeu ao ver seu campo pulverizado. Somados os votos de seus ex-secretários todos, Osório, Índio, Pedro Paulo (e –se esqueceram?—Jandira), estaria confortavelmente no segundo turno.

Nessa eleição, curiosamente, o centro, centro-direita e direita se dividiram em cinco, Pedro Paulo, Bolsonaro, Osório, Indio e Migueles e a  esquerda em apenas três,  Freixo, Jandira e Molon. E a esquerda  soube efetivar o “voto útil” na reta final!

Outro dado importante: o não-voto. Nunca dantes tanta abstenção, brancos e nulos.

 Um vitorioso inconteste: Crivella. Finalmente subiu de patamar e isso na cidade do Rio, não no estado onde lhe seria mais fácil. Venceu o pé atrás carioca com o “mistura política com religião”. Entra bem posicionado para o segundo turno. Outro vitorioso inconteste: Fábio Bolsonaro: o PT conseguiu, depois de muito esforço, ressuscitar a extrema direita brasileira, embora ele não seja exatamente a cópia do pai e possa evoluir em direção a uma direita mais civilizada, eventualmente. O Partido Novo que representa um centro-direita liberal é a novidade emergente dessa eleição.


 Um vitorioso relativo: Freixo vai ao segundo turno com menos força eleitoral que a sua própria, em  2012 e a de Gabeira, em 2008. Sua grande vitória é a hegemonia dentro da esquerda arrancada do PT de Jandira com muita folga. O PSOL ocupa o espaço que era do PT na Câmara.  A soma dos votos de Freixo, Jandira e Molon indica, no entanto, um  recuo eleitoral da esquerda como um todo no Rio. É só contar os percentuais e os votos comparados com os pleitos anteriores.

Antigamente (se somada) a esquerda dividida PT e PDT era clara maioria na Cidade, não é  mais. Embora Freixo certamente deseje vencer no segundo turno, seu partido não permitirá que faça as alianças e adote o discurso necessários par tanto.

  Será mais importante para eles firmarem uma hegemonia sobre a esquerda e liderar o “Fora Temer”. Isso não chega a ser uma causa oportuna para  candidato a uma prefeitura que comprovadamente perde ao entrar em conflito com o governo federal. Como não fazê-lo pregando a destituição do presidente –que de todas maneiras já vai estar fora em janeiro de 2019?   É algo que não vai ser muito fácil explicar mas esse primeiro momento é de compreensível euforia.

 O PSOL vem se firmando como correlato do Podemos e do Sirza, na Espanha e na Grécia. Deveria, no entanto, estudar bem o drama do Sirza ainda que no Rio  a probabilidade maior é que não venha a ter que experimenta-lo.


  E um drama terminal: verdes e redistas não elegeram um único vereador!  Não representa, no entanto, uma derrota correlata da causa ambientalista/sustentabilista hoje disseminada em diversos partidos. É bom observar também o outro lado da baía, Niterói, onde Rodrigo Neves livrou-se do petismo, em tempo hábil e teve uma gestão reconhecida, com o grande aporte de Axel Grael –esse impedido de ser o vice novamente.  Neves ficou bem na fita e bem colocado para o segundo turno.






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