Decidi
votar no Carlos Osório 45, independentemente de pesquisa ou muito menos, preferência
partidária. Voto nele, amanhã, fundamentalmente porque é dos dez candidatos aquele
que considero melhor preparado para a difícil tarefa de ser prefeito da minha
mui amada cidade do Rio de Janeiro.
Tem a
experiência, a garra e a integridade em doses devidamente equilibradas para
tanto, é permeável a boa parte das
ideias e projetos que defendo para o Rio. Temos discordâncias menores. No que pese um ou outro escorregão, aqui e ali, foi menos demagógico, menos fantasista e mais verdadeiro que os
demais que disputam essa campanha.
Secundariamente o apoio, porque avalio que seria
o mais apto a derrotar Crivella no segundo turno.
Nessas
alturas o senador exibe um certo favoritismo e, pela primeira vez, tem uma chance real de ganhar na cidade do Rio
de Janeiro. Não o demonizo, trata-se de uma pessoa afável, razoavelmente bem
informada e com uma integridade pessoal que contrasta com a de todos demais
políticos de sua Igreja que conheci como vereadores, deputados e executivos (uma
coisa assustadora!). Apesar de suas negaças de que vá governar com a Universal
e dele ter, de fato, nos últimos anos, se aproximado de alguns quadros mais
íntegros –seu vice o é, por exemplo— antevejo com ele grande risco de predomínio de grupos e de ideias muito
distantes do que desejo para o Rio de Janeiro.
Porque não Freixo? Uma parte significativa dos
eleitores que apoiaram a Gabeira e a mim em outras eleições votam nele, desde
2012, e ele tornou-se, pelo desparecimento dos verdes --por uma implosão suicida provocada pela
máfia de SP-- uma alternativa importante para o voto
“idealista” de classe média, sobretudo da juventude. Não gosto do PSOL, seu
partido, que para mim encarna um PT “pré-delubiano”
mas , não obstante, poderia votar no
Freixo caso identificasse nele os atributos para ser um bom prefeito e na sua
equipe alguma consistência para gerir a Cidade nos anos difíceis que se
prenunciam.
Não percebo experiência de gestão nem o
indispensável conhecimento da prefeitura e de como funciona. Vejo muitas noções
radicais-simplistas combinadas com uma submissão a um sindicalismo público
corporativo –no fundo,
reacionário-- cujas lideranças exercem
um papel pernicioso ao abominar a meritocracia. Vejo também pessoas super bem
intencionadas, criativas e íntegras que com um pouco mais de experiência
poderiam fazer uma gestão inovadora. Teriam, porém, que passar pela traumática
transição de uma esquerda de oposição a uma esquerda de gestão pública. As
vezes dá para apostar no “fulano, depois de amanhã”. No entanto, em 2016, no
Rio pós-olímpico de um Brasil mergulhado numa crise terrível, não me parece o
caso de correr esse risco. O perfil do Freixo continua sendo mais de um tribuno
e um promotor (com méritos) do que de um
gestor público que precisa saber governar para todos cariocas, dialogar com diversas
culturas e interesses e entender a complexidade das coisas desprendendo-se
daquele maniqueísmo típico da extrema-esquerda (e da extrema direita que o PT
contribuiu para reemergir)
Por que
não “voto útil” no Pedro Paulo? Não cabe
voto útil no primeiro turno. Por alguma razão apesar de representar uma
administração com realizações e possuir uma máquina poderosa está atolado. Superar ou não essa
parada e afirmar seu legado cabe ao Eduardo Paes que não irá contar comigo par
tanto. Cheguei a ajuda-lo generosamente
e incondicionalmente em algumas ocasiões, sobretudo no primeiro governo e,
particularmente, quando lhe passei, antes mesmo da posse, todo o projeto de
revitalização da área portuária que desenvolvi com a equipe do IPP durante seis
anos e que politicamente coloquei na
agenda carioca de 2001 a 2006. Executado e ampliado ele tornou-se junto com as
Olimpíadas o carro chefe desta gestão. Foi
executado com algumas falhas que venho pontuando mas teve o enorme mérito de
ter saído do papel.
Paes foi
globalmente um bom prefeito do Rio. Trabalhador, com capacidade de realização e
permeável a boas ideias. Seria simplesmente idiota não reconhecer as coisas
positivas que ocorreram na cidade. Sucumbiu, como muitos gestores reeleitos
para um segundo mandato, a um surto de soberba agravado por certos traços seus
de caráter. Desenvolveu uma postura pessoal que considero inconveniente.
Naturalmente, cabem restrições profundas ao seu partido ainda que ele não tenha
cedido tantos “espaços” assim aos seus mais vorazes correligionários.
Fundamentalmente criou seu próprio dispositivo. Sendo os partidos brasileiros atualmente todos
muito ruins não chega a ser um pecado capital.
O Pedro
Paulo possui certos atributos e bastante experiência mas tenho dúvidas a
respeito de sua capacidade de liderança e, sobretudo, na superação de certos
vícios atuais inerentes ao prefeito atual. O puro continuísmo numa época de
dificuldades como as que se prenunciam me parece problemático. Antecipa uma
governança dificultosa com muito desgaste à partida. Um grau de alternância com
um grau de continuidade seriam uma receita mais adequada com Osório. Não é
aquele cínico “é preciso que algo mude para que tudo continue” do Il Guepardo de Visconti, mas algo mais
parecido com “cuidado com o andor que o santo é de barro”. Há um potencial
destrutivo no ar que demandará muito tirocínio e muita legitimidade política
para desmontar delicadamente qual um sapador exímio que desativa uma bomba
relógio.
Em
tempo: não entro na longa fila de quem estigmatiza insistentemente o Pedro
Paulo por causa do episódio com a sua ex-mulher. Evidentemente, é um bom
“gancho” eleitoral para os adversários e causa legítima de preocupação. No entanto, ninguém --salvo ele próprio, a ex-mulher e talvez os filhos
pequenos-- conhece a verdade sobre
aquilo que ocorreu. Não estou aqui
propugnando aquele famoso: “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”
mas simplesmente dizendo que ninguém pode garantir que conhece a verdade factual.
Pelo que li na própria imprensa --que, como de hábito, inicialmente o
crucificou implacavelmente-- a
natureza das suas marcas nos antebraços não eram, segundo laudos, as típicas do
agressor e o STF, afinal, julgou pertinente abrir mão de julga-lo. Claro, pode se separar o “político” do “jurídico”
mas mesmo para um julgamento eminentemente político falta o conhecimento seguro
da ocorrência. Isso não vai impedir os adversários, entre os quais os
sinceramente convencidos de sua culpa, de continuar batendo nessa tecla mas não
estou em disputa eleitoreira e tomo a
liberdade de não tomar minha decisão de
voto para prefeito do Rio com base apenas nesse episódio pouco claro. A razão
de meu voto é outra.
Porque
não Molon? Dos candidatos é com ele que tenho uma relação mais próxima da
amizade. Admiro-o como pessoa e como parlamentar, penso que lhe falta
experiência de gestão local, conhecimento e vivência da prefeitura. Ainda o
vejo meio preso a uma identidade que definiria como o do “lado bom do PT” pouco
representado no Rio, o qual respeito mas me distancio. Não
assimilou ainda um discurso verde e o tom da sua campanha não foi dos mais inspirados.
Ele é autêntico mas soou artificial. Permanece para mim uma referência de correção,
dedicação e decência na política, mas ser prefeito do Rio é outro departamento.
Em
relação a meu voto par vereador em Eduardo Sol 45555. O quadro para vereador,
em geral, é pior do que em outras eleições. Não há quem de fato encarne o
conjunto de ideias que defendi ao longo dos quase 30 anos em que estive na arena eleitoral. Atualmente
faço um trabalho de formação e mentoria com candidatos de variados partidos em
variados estados para a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) –não
confundir com o partido que posteriormente assumiu o nome de Rede-- e esse jovem, professor, negro e próximo do
pessoal do Afroreggae, me despertou interesse e simpatia. Acho que poderá fazer
um bom trabalho nadando contra a corrente de uma Câmara que a cada eleição
vem ficando pior, tendência que temo não
se reverta nesse pleito...
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