O Rio Clima propugna, desde 2012, duas ações
adicionais ao esforço da diplomacia. A primeira é uma concertação adicional entre
países grandes emissores para atuações conjuntas bi ou plurilaterais de
geometria variável, tipo: China, EUA e União Europeia se articulam para
conjuntamente ir eliminando as usinas à carvão chinesas. A segunda é o desenho no
sistema financeiro internacional de um pano de fundo amigável à transição uma espécie
de “Bretton Woods do baixo carbono”. A comparação metafórica com a conferência
de 1944 que deu forma ao sistema econômico internacional contemporâneo não se
dá ao pé da letra. A atualidade demanda um outro tipo de formato para além de
governos. Precisa envolver os bancos centrais, as grandes empresas
transnacionais e, sobretudo, o sistema
financeiro internacional, além da sociedade civil global. O objetivo é estabelecer
uma nova ordem financeira internacional em torno de uma convenção: o reconhecimento
da redução de carbono como unidade de valor financeiro conversível.
A grande questão subjacente a todo debate
climático é saber como financiar uma revolução energética que demandará
globalmente um trilhão de dólares por ano. Os governos com seus enormes déficits
e reservas limitadas não dispõem nem de perto desses recursos como verificamos
em relação ao Fundo Verde do Clima que deveria dispor de 100 bilhões de dólares
por ano, a partir de 2020, e que não
conseguiu até agora mais que promessa diminutas. Na recente cúpula do clima na
ONU, com grande fanfarra, a Coreia do
Sul ofereceu 100 milhões e o México 10 milhões de dólares ao Fundo. Quando ele conseguir
minimamente se capitalizar servirá sobretudo para programas de adaptação às
mudanças climáticas. Financiar a transição da economia mundial para a era de
baixo carbono é outra escala e dependerá
de algo muito mais drástico e poderoso.
O sistema financeiro internacional gira mais
de duzentos trilhões de dólares. Há um consenso que existe no mundo um excesso
de liquidez e de poupança especulativa que pouco irriga a economia produtiva.
Essa situação é propícia às “bolhas” e crises como aquela de 2008. O grande
desafio é atrair uma parte que seja desse capitais para investimentos
produtivos de baixo carbono capazes de garantir um novo ciclo de crescimento
inovador e gerador de empregos. Quantos instaladores de painéis solares para
geração distribuída serão necessários para monta-los em centenas de milhões de
telhados, estacionamentos e fachadas? É preciso reconhecer a redução de carbono
como unidade de valor conversível –uma moeda do Clima-- precificar o carbono e criar mecanismos pelos
quais os bancos centrais garantam os financiamentos bancários para
investimentos que reduzam emissões aceitando serem reembolsados com
“certificados de redução” que podem guardar como valor. Os efeitos disso serão
benéficos não apenas ao clima como à macroeconomia global. É animador
assistirmos uma crescente adesão no setor privado a essa perspectiva, algo
poucos anos atrás impensável. Governos
começam a se interessar. A sociedade civil utilizando as redes sociais volta a promover manifestações pelo Clima,
pelo mundo afora, inclusive uma de 400 mil pessoas em Nova York nas vésperas da
conferencia dos chefes de estado. Rola
um clima. Epur si muove!
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