16/04/2014

Policias de dedicação exclusiva


Há dezenas de propostas que podem ser feitas para melhorar nossas polícias e torna-las mais capazes de enfrentar a insegurança que assola nossa Cidade. Sem dúvida a profissão policial precisa ser dignificada como melhor salário, treinamento, perspectivas de carreira e, naturalmente, uma deputação drástica da chamada “banda podre” que usa a farda ou a carteira para servir ao crime. A maioria, no entanto, é constituída de profissionais corretos que sonham poder exercer sua profissão em condições dignas e para dar mais segurança à população.

De todas as propostas que se pode formular existe uma que  vai no “x” do problema: a criação de um regime de dedicação exclusiva, com o policial trabalhando todos os dias, sem as chamadas escalas de serviço de 24 horas por 48 ou 72, que quebram totalmente a rotina do trabalho policial, tornam-no descontínuo, espasmódico e estimulam não só o segundo emprego como tendem a fazer deste a atividade principal, a mais bem remunerada, a que drena mais energias, relegando a carreira policial à condição,  de “bico”.

  Se queremos uma polícia minimamente eficiente devemos entender que ela terá que ser bem paga a atrativa para segmentos profissionais da classe média que hoje não se interessam por ela. A dedicação exclusiva tem vantagens evidentes: automaticamente se triplica o número de policiais em serviço, no dia a dia, aumentando da forma mais racional o efetivo disponível. Diminui, drasticamente, o tempo disponível para atividades fora do controle da hierarquia, incluindo-se aí, as oportunidades para práticas incompatíveis com a profissão ou criminosas. Fica reforçada a coesão e o espírito de corpo que são a espinha dorsal de qualquer instituição  eficiente.


 Argumentam que a cultura da “escala de serviço” e o peso econômico do “segundo emprego” são  tão grandes que os policiais não aceitariam esse regime. Conheço,  no entanto,  muitos que almejam uma carreira à qual possam prestar total dedicação. Poderia haver  uma fase de transição durante a qual os dois regimes  coexistiriam com possibilidade do policial escolher.  Os que optassem pela  dedicação exclusiva receberiam  nítidas vantagens de promoção, salariais e outras como financiamento especial de casa própria, melhor aposentadoria, etc.. Isso permitiria uma transição sem traumas de um regime ao outro. Penso que é uma questão que merece ser debatida. Não só no Rio como nacionalmente.

 Lendo esse texto, parece muito pertinente. O problema é que o escrevi em 2006, faz oito anos… Continua atual, infelizmente...

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