A
morte de DG aparece como mais erro terrível da PM. A versão que me parece a
mais viável de ter acontecido e a de que foi alvejado quando saltava pelos
telhados por ter sido confundido com um dos traficantes que trocava tiros com a
polícia. Não se pode excluir outras versões mas essa parece a mais plausível. A
policia só deve fazer uso de força letal quando estiver sob ameaça e mesmo se
fosse um traficante fugindo não há justificação pata alvejá-lo pelas costas
ainda mais quando não havia armamento visível com ele.
O
porquê fugia pelos telhados é uma outra questão que deve ser apurada sem
prejulgamentos.
Esse
incidente fornece mais munição para a forte campanha política contra as UPP
cuja importância para o Rio não pode ser anulada por erros ou até crimes de
alguns de seus PMs.
Quem
está fazendo campanha contra as UPP? De um lado a extrema-esquerda, porque têm
uma visão ideológica dos bandidos como "vitimas da sociedade", muito
embora a visão de mundo deles seja tudo menos "de esquerda": são
ferozmente ultra-consumistas, tribalistas e fascistóides. Exercem uma ditadura
feroz sobre as áreas que controlam. Do outro temos políticos que querem ajustar
contas com a atual administração estadual e a fazer fracassar completamente
mesmo lá onde promoveu inegáveis avanços como são as UPP.
Temos
que entender seus limites: as UPP servem simplesmente para privar o narcovarejo
daquele controle territorial militar, ostensivo, que exercia. Não são a
panacéia de todos os males e perigos da segurança no Rio!
A
dificuldade atual das UPP vincula-se à força social da economia das drogas. Ao
"x" do problema das drogas. Um problema muito maior do que serem
substancias nocivas à saúde. O problema efeitos nocivos das drogas sobre a
saúde é dos drogados. Já o problema da economia das drogas é da sociedade como
um todo. Provoca esse morticínio incessante, corrompe as instituições e suscita
uma infinidade de outros conflitos que se espalham por dentro da sociedade como
um câncer.
Nas
comunidades com UPP há uma parcela minoritária mas nada desprezível que se
beneficia direta ou indiretamente do movimento econômico gerado pelo tráfico:
os "aviões", os fogueteiros, as embaladoras, o moto-delivery e, até,
toda uma produção cultural e de entretenimento associada à "mística"
tribal do narcovarejo.
O
grande problema não é propriamente a falta de "ação social". Diversas
das favelas em questão receberam muitas melhorias nos últimos vinte anos,
tiveram uma considerável explosão de consumo e possuem serviços razoáveis.
Ainda assim a perda da movimentação econômica e certas restrições como aos
bailes funk provocam um descontentamento agudo que aparece nessas manifestações
de rua que o tráfico apreendeu a fomentar sistematicamente com quebra-quebras e
incêndios de ônibus.
O
tráfico na favela segue existindo, embora não tão ostensivo, simplesmente
porque há e haverá mercado!
Nesse
ponto a UPP cai na grande armadilha e dilema da pacificação. Continuar
reprimindo o tráfico num "enxugar gelo" diário, impossível de vencer
e multiplicador de conflitos? Fazer vista grossa, em geral associada ao famoso
"arreglo"?
Esse
é um dilema sem solução se mantido o atual paradigma em relação a questão das
drogas e que há mais de vinte anos me faz --não obstante sua eventual
repercussão eleitoral negativa-- defender sua legalização como mal menor. Me
parece a única forma de liquidar liquidar radicalmente a melhor fonte logística
da criminalidade violenta e reduzir drasticamente o morticínio, a entropia e a
corrupção policial associada ao "arreglo".
Ainda
outro aspecto é o despreparo da polícia nenhuma UPP não resolve apesar do seu
adestramento especifico. Não poder ter qualidade uma PM com escala de 24 horas
de serviço por 48 de suposto descanso que é quando o policial exerce uma
segunda profissão --em geral na segurança particular-- que acaba sendo melhor
remunerada e relega a atividade policial ser o verdadeiro
"bico".
Sem enquadramento institucional
rigoroso, adestramento permanente e valorização profissional e salarial
vinculada a uma dedicação exclusiva, de fato, não há chance alguma para uma
melhoria da qualidade da nossa polícia. Tudo isso deveria ser ser um consenso
suprapartidário junto com um compromisso de não utilizar o drama da segurança
como arma de campanha política, nem a favor, nem contra esse governo ou o
próximo. Vamos fazer da questão da segurança território livre de manipulações
políticas sejam quais forem!
Esse é o Sirkis que admiro, não aquele do PSB, que é do foro de São Paulo. Não aquele que abandonou os verdes e o suspiro de esperança que nos enchia de vontade de acreditar que as coisas ainda poderiam dar certo, através de uma ótica moderna e um jeito de fazer política diferente, dinâmico e original pra seguir com Marina e sua pouca vontade para com alguns temas fundamentais como as drogas, o aborto, a liberdade religiosa e sexual das pessoas. Volte logo, Sirkis!
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