08/03/2014

Decantar é preciso

Decantar é preciso...
Está rolando uma pressão para que eu abra mão de minha pré candidatura ao governo do Rio.   Na sociedade,  há um campo aberto, cariocas e fluminenses não parecem à vontade com o atual quadro de candidaturas. Existe um eleitorado verde e moderno no Rio que na eleição passada deu 22% para o Gabeira. Uma parte dessa galera me elegeu cinco vezes. É o  eleitorado verde de classe média  do Rio.  O eleitorado de Marina em 2010 foi  mais amplo que isso pois incorporou um grande segmento de mulheres pobres, sobretudo. 

 Acredito que na ausência do Gabeira sou um interlocutor natural desse contingente eleitoral que, nesse momento,  ainda não tende para o Eduardo Campos que ainda tem escassa penetração no Rio, embora tenha um bom potencial por aqui. 

 Dizem que coloquei a precandidatura “tardiamente”, apesar de tê-lo feito justamente na primeira reunião da qual participei onde o assunto estaria em pauta. Há quem diga que o Miro Teixeira “chegou antes”  de mim e traria o apoio nacional do PROS ao Eduardo.  Pessoalmente duvido  desse apoio que renderia uns 15 segundos de TV.  Prometido em fevereiro para ser entregue em junho... Vejo uma certa dificuldade em relação a uma formação que até o momento faz parte da “base” da Dilma.

 Em relação ao palanque, no Rio,  ainda que os irmãos Gomes garantam que o Miro possa dispor dele a sua vontade é bom lembrar que eles sairam do PSB justamente para não apoiar o Eduardo Campos.  Por outro lado o PT não brinca em serviço. Caso se sintam ameaçados tem meios para melar esse palanque. Truculência para “intervir” nunca lhes faltou. Que o diga o Vladimir Palmeira, em 1998...

 Li também que o Miro seria “melhor candidato”. A partida não tem vínculos históricos com esse contingente que votou verde em 2008 e 2010.   Do ponto de vista estritamente eleitoral, numérico,  jogamos na mesma divisão. Em 2010,  tive 10 mil votos a mais : 73 185 e o  Miro: 63 119, o que nos coloca num patamar eleitoral parecido. Ele poderia conquistar, eventualmente, uma parte pelo menos da galera que votou no Gabeira, em 2010? Talvez. Mas penso que eu teria mais facilidade e que é importante para mim começar a mobiliza-la. 

 Acredito que é o  movimento que devo fazer nesse momento. É importante independentemente do que termine por acontecer em junho. A imagem de ambos é  de correção e respeito. A dele é mais de um política tradicional com uma consistente atuação parlamentar, a minha mais  vinculada a realizações visíveis a olho nu: a cicloviais cariocas, os grandes reflorestamentos em favelas, a volta do Circo Voador, o inicio da revitalização da área portuária e uma atuação de décadas na questão ambiental.

 Também venho tendo uma participação intensa no debate sobre segurança no Rio de Janeiro, há mais de 10 anos, com as propostas como o  fim da escala de serviço, a dedicação exclusiva nas polícias com fim do "bico"  e o policiamento ostensivo  a pé.  O fato de nunca ter participado de governos do PT também  facilita minha abordagem em relação à classe média do Rio que tem certamente nesse momento um viés oposicionista. 


 Respeito o Miro e votaria nele em confronto com todos os outros candidatos  postos  nesse momento, mas penso que é  cedo para definir e bater o martelo.   

 Pré candidatura é justamente uma fase onde prospectamos possibilidades, viabilidades e, no meu caso, só serei candidato se tiver de fato as condições de uma campanha competitiva com chances de vitória. Isso só poderá ser avaliado mais adiante. Sou muito realista e a mosca azul voa longe da minha bicicleta.  

 Penso, no entanto,  que a pressa em arrumar um palanque vinculada a uma articulação nacional, passando por cima das especificidades do Rio,  seria um erro. Decantar é preciso. 

Um comentário:

  1. Prá além de criticas partidarias que tive e tenho em relação ao Sirkis, não posso deixar de concordar com sua argumentação acima. É de grande lucidez e compromisso programatico.
    E, programaticamente falando,, na minha avaliação , foi de Sirkis o melhor discurso no Encontro Regional Sudeste.

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