20/02/2014

A precandidatura: ocupar um vazio e abrir debate


Há um vazio assustador no debate para o governo do Rio. Não há uma voz que fale pelos setores mais modernos da sociedade e assuma suas bandeiras. O espaço para um eleitorado de centro esquerda, centro radical e verde que representou mais de 20%,  em 2010, no âmbito estadual,  e mais de 30% no voto presidencial Marina Silva não está presente. Tenho recebido muitos apelos e exortações –algumas bastante incisivas e   veementes—de cariocas e fluminenses que me cobram essa atitude. 

 Tendo realizado, em 1998,  uma quixotesca campanha presidencial para “marcar posição” para a causa verde,  tenho dito que não me disponho repeti-la se faltarem as condições para uma campanha com possibilidade de vitória real. O período dito de precandidaturas, até junho,  serve justamente para poder fazer essa avaliação e decidi, afinal, colocar meu nome com  nossas propostas do verde e do socialismo moderno para o Rio de Janeiro. Pretendo estabelecer um debate com os cariocas e fluminenses e apresentar meu nome à convenção do PSB e para um amplo debate programático prévio na Rede Sustentabilidade.

  Minha precandidatura alinha-se com a alternância nas eleições presidenciais que representa a chapa presidencial Eduardo Campos-Marina Silva. Pretende contribuir para encerrar,  civilizada e fraternalmente,  o ciclo histórico do grupo atualmente encastelado no Planalto.  Pretende contribuir para uma recomposição histórica. O continuísmo é francamente assustador.  Até o PT precisa urgentemente ser salvo de si mesmo...  Tanto os governos de Fernando Henrique quanto os de Lula deram importantes contribuições para o Brasil mas deixaram muito a fazer e a transformar. 

 No governo Dilma a crise de perspectivas se explicitou e aguçou. A candidatura Eduardo-Marina visa justamente essa mudança mantendo as conquistas mas corrigindo os rumos desencontrados. O mesmo critério se aplica ao Rio de Janeiro. É preciso transformar totalmente a postura ética e o estilo de governança e rever diversos pontos críticos mantendo e ampliando, no entanto,  os avanços registrados particularmente na área de segurança. É preciso fazer o que não foi feito: a reforma da polícia melhorando sua qualidade,   estabelecendo  a dedicação exclusiva e o policiamento ostensivo a pé.

 Pretendo apresentar ao povo fluminense e, também, aos demais concorrentes. Quem sabe chegamos, antecipadamente,  a uma plataforma consensual  de compromisso em torno de determinadas questões elementares?  Pra início de conversa:

1 – Garantia de manutenção das UPPs e reforma das polícias. Manter e ampliar as UPPs, desenvolver o policiamento a pé e, junto com a esfera federal, estabelecer gradualmente a dedicação exclusiva dos policiais civis e militares como contrapartida para o padrão salarial previsto na PEC 300, incluindo aí um novo fundo estadual de segurança em colaboração com prefeituras, sociedade e iniciativa privada.  

2 – Garantir a permanência do adolescente na escola.  Ampliar e larga escala  a ação contra a evasão escolar no ensino secundário dos adolescentes em situação de risco  com estímulo financeiro a sua permanência na escola e ao bom rendimento.

3 –  Mobilidade limpa, sustentável e acessível a todos. Investir na qualidade  do transporte de massas (trens, metrô, transporte hidroviário) na implantação de sistemas cicloviarios nas cidades fluminenses. Garantir novas opções de bilhetes únicos de integração, com subsídio para os segmentos comprovadamente carentes,  ampliando  seu tempo de validade e modalidades de uso.

4 -  Reforma da gestão das águas. Descentralizar,  municipalizar e democratizar  a gestão das águas com maior participação das prefeituras e das comunidades locais. Fortalecer a gestão por bacia hidrográfica e os consórcios intermunicipais. Impor a transparência, acabar com a cobrança por estimativa e reduzir as perdas e desperdícios.

5 – Austeridade nas despesas de governo. Fim da publicidade autopromocional restringindo a publicidade oficial às campanhas educativas.  Reduzir cargos comissionados e o número de secretariais, renunciar ao uso de helicóptero para deslocamentos privados e introduzir padrões de austeridade nas  viagens oficiais.

6 –  Atender melhor o cidadão. Modernizar a administração e  melhorar o atendimento ao cidadão ampliando o recurso à internet, à tramitação eletrônica de processos  administrativos e outras medidas de combate à burocracia e ao cartorialismo. Generalização da oferta de conexão gratuita em logradouros públicos.

7 -  Fortalecer a saúde preventiva. Reforço substancial da medicina preventiva com apoio aos programas de médicos de família. Oferta de um regime de dedicação exclusiva com padrão salarial diferenciado em áreas críticas do sistema estadual de saúde.

8 –  Reforma tributária verde. Revisão do ICMS  adotando gradualmente como critério a  intensidade de carbono e outros indicadores de sustentabilidade,  sem aumento da carga tributária. Revisão de subsídios e incentivos no mesmo sentido.  Incentivo vigoroso às energias limpas, à economia de energia, ao reflorestamento e à reciclagem.

 Quero contribuir para uma campanha diferente dessa briga de foice no escuro que se prenuncia. O Rio sempre esteve à frente dos grandes acontecimentos políticos nacionais.  Aqui temos a oportunidade de fazer diferente. Vale a pena.



Um comentário:

  1. Vamos conversar sobre esses temas em nosso partido no dia 22/03/14.
    Sucesso e paz.

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