(versão atualizada do artigo publicado em O Globo) A implantação das UPP acabou com o
controle territorial ostensivo do
narcovarejo sobre algumas das favelas mais visíveis da Cidade. Representou um
progresso lá onde o Rio de Janeiro se equiparava a um punhado de cidades
arruinadas em estados falidos.
Há muito tempo ressalvávamos a necessidade da ocupação permanente dessas comunidades. Houve problemas como o notório episódio do pedreiro Amarildo, na Rocinha, mas globalmente há um grande avanço. Por outro lado, temos essa recente percepção de deterioro nas condições de segurança em diversos bairros cariocas agora corroborada pelos indicadores oficiais e que enseja reações inaceitáveis como a ocorrida no Flamengo.
Há muito tempo ressalvávamos a necessidade da ocupação permanente dessas comunidades. Houve problemas como o notório episódio do pedreiro Amarildo, na Rocinha, mas globalmente há um grande avanço. Por outro lado, temos essa recente percepção de deterioro nas condições de segurança em diversos bairros cariocas agora corroborada pelos indicadores oficiais e que enseja reações inaceitáveis como a ocorrida no Flamengo.
Isso significa o “fracasso das
UPP”? Penso que não. Elas lidam com um problema específico: o controle territorial das favelas pelo
narcovarejo agora debelado, em parte delas. Continuamos uma cidade assolada por
forte insegurança e violência no espaço urbano. Para proteger melhor as pessoas
nas ruas e bairros é necessário um policiamento ostensivo, a pé, que ocupe o
território com grande visibilidade e poder de dissuasão, apoiado por tecnologias
de mapeamento geo-referenciado com imagem em tempo real. Bogotá é exemplo de uma grande cidade patrulhada essencialmente
a pé. Seu território é coberto de forma ostensiva, eficiente por uma
policia de efetivo menor que o nosso mas
em regime de dedicação exclusiva.
Enquanto
nosso padrão for o policiamento em viatura e a escala de 24h serviço por 48h de
“folga”, com a profissão policial tornando-se de fato o “bico” para a maioria
dos policias que possuem uma segunda atividade profissional --frequentemente
melhor remunerada-- não teremos nem qualidade nem efetivo suficiente. Com
recursos limitados é preciso estabelecer prioridade e concentrar esforços na
prevenção daquela criminalidade violenta contra as pessoas. Prevenir assaltos,
latrocínios, homicídios dolosos, estupro e outras violências sobretudo contra mulheres e crianças. Isso
implica num foco que não é
necessariamente o do atual sistema policial, judicial e prisional. Faltam vagas
nos presídios, há milhares de bandidos
violentos com ordem de prisão nas ruas. As prisões estão cheias de jovens
encarcerados por delitos envolvendo drogas, sem prática de violência. Eles
estão naquelas universidades do crime sendo formados para pratica-la no futuro.
E há essa hipocrisia criminosa evolvendo
menores que assaltam, matam e voltam às ruas.
A estratégia de “guerra às drogas” é um fardo gigantesco sobre a segurança
pública. O “probicionismo” alimenta a
logística bélica do crime e multiplica exponencialmente seu poder de corrupção.
Desvia as energias do aparato de
segurança e cria relações promíscuas que contribuem para corrompe-lo e criminaliza-lo.
Vitórias contra as drogas podem ser obtidas no campo da saúde pública e da
educação como atesta o sucesso eloquente do anti-tabagismo. O outro lado da
moeda é a leniência com crimes bárbaros. O Brasil é o país do mundo onde
um assassino brutal permanecerá menos tempo preso, beneficiado pela “progressão
de pena”. Aqui convivem em estranho conúbio: um altíssimo nível de violência criminal (e
policial), um discurso “liberal” nefelibata
que trata o bandido como “vítima” da sociedade e uma visão “proibicionista” em
delitos comportamentais. Os discursos
tradicionais tanto da direita como da esquerda em relação à segurança estão
falidos. Precisamos de inteligência e discernimento na definição das
prioridades, linha dura contra a
criminalidade armada e polícia com
dedicação exclusiva, bem remunerada, bem equipada, priorizando a proteção da sociedade contra violência que a
assola.
Relance
O Rio não está sozinho na remoção do viaduto da Av Perimetral # Seul neste momento está eliminando um viaduto de quase um quilômetro em Hongik. Desde 2000 já foram eliminadas quinze vias expressas elevadas. O caos mais emblemático foi o de Chonggyecheon onde foi restaurado um rio que fora encanado para a construção do elevado. As margens do Rio restaurado viraram um parque linear que tem também a função de bacia de acumulação anti-enchentes. # Já em Paris discute-se a possibilidade de eliminar o Boulevard Péripherique...
Relance
O Rio não está sozinho na remoção do viaduto da Av Perimetral # Seul neste momento está eliminando um viaduto de quase um quilômetro em Hongik. Desde 2000 já foram eliminadas quinze vias expressas elevadas. O caos mais emblemático foi o de Chonggyecheon onde foi restaurado um rio que fora encanado para a construção do elevado. As margens do Rio restaurado viraram um parque linear que tem também a função de bacia de acumulação anti-enchentes. # Já em Paris discute-se a possibilidade de eliminar o Boulevard Péripherique...
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