Há uma discussão interessante na Rede em
consequência do incidente envolvendo a morte do cinegrafista da Band e de sua
cobertura na imprensa e TV. Vejo uma
ênfase num desdobramento do fato que foi um noticiário jornalisticamente precipitado
e leviano envolvendo o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, a partir de
declarações confusas do advogado de um dos acusados. Uma parte dos debatedores decidiu priorizar a
solidariedade com o parlamentar visto com alvo de uma manipulação de natureza
conspirativa.
Não vamos bancar as avestruzes, tapar o sol
com a peneira e achar que o fato politico-jornalistico que irá pautar a opinião
pública (e não apenas a publicada) é isso e não o drama na Central do Brasil,
em si. Na minha opinião a ênfase deveria ser a condenação da violência dos
Black Blocks e similares que desmobilizaram o grande movimento de massas da
sociedade que aconteceu em junho de 2013.
Não me parece, a princípio, que o episódio envolvendo o parlamentar seja
fruto de uma deliberada campanha de manipulação conta ele que noutras ocasiões
teve espaço positivo nesse sistema de mídia. Alias, a primeira
"barriga" da Globo foi em sentido inverso. O Jornal Nacional chegou a
atribuir à PM a explosão que matou o
cinegrafista. Logo o próprio William Bonner reconheceu erro e pediu desculpas.
O fato
político e jornalístico é a morte do cinegrafista Santiago Andrade da Band,
resultante de um ato violento dos Black Blocks ou similares. É significativo
que a primeira morte, não acidental, do ciclo
de rua que se iniciou em junho 2013 tenha sido resultante de violência, não da policia, apesar de sua frequente truculência e despreparo, mas dessa
franja violenta de manifestantes com a qual alguns são tão
condescendentes.
Começa a haver,
de fato, uma enorme má vontade e revolta
de inúmeros jornalistas contra a franja violenta --e todos que com ela
condescendem-- até por uma razão muito
simples: os repórteres vem sendo sistematicamente ameaçados e frequentemente
agredidos por esses supostos "ativistas autorais" fascistóides.
Atualmente o segmento jornalístico os considera tão ou mais perigosos que
a policia embora, estatisticamente, a
maioria das agressões aos profissionais de imprensa ainda seja dela.
Não é bom cair na tradicional paranoia de
esquerda que atribui qualquer matéria (ou mesmo notinha) a uma conspiração de
forças poderosas ou ocultas… quase sempre o jornal é feito pelos profissionais
que o redigem com os editores cortando aqui e ali, dispondo na página e fazendo
as manchetes e legendas de foto, com muito raras ingerências dos donos, ao
contrário dos tempos do Dr Roberto.
Gostaria de enfatizar o perigo de
uma “legislação de pânico” anti-terrorista a pretexto do ocorrido. Penso que é
necessária uma legislação que defenda mais eficazmente a sociedade do
terrorismo, por um lado, e da violência
de rua gênero Black Block, por outro, mas sem confundir alhos com bugalhos pois
são coisas diferentes.
A tipificação do terrorismo no projeto em
discussão no Senado “provocar ou difundir
o terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida,
à integridade física ou saúde ou a privação da liberdade das pessoas” é
obtusa e pode levar a absurdos que podemos imaginar facilmente. A rigor, defesa da legalização do aborto poderia ser
enquadrada como “ofensa à vida”? Um programa de rádio como aquele famoso de Orson
Wells narrando o fantasioso desembarque dos marcianos na Terra poderia ser
considerado terrorismo por “difundir o pânico
generalizado” ? Aqui também não acredito em conspiração, é simplesmente um
texto falho, mal formulado que dá margem a interpretações ambíguas.
Terrorismo é o uso de violência letal ou
potencialmente letal com objetivo político no seu sentido mais amplo (não apenas
ideológico como demostram os atentados do tráfico, queima de ônibus, etc...). Precisamos ter um lei anti-terrorista,
levando em conta os eventos internacionais que o Brasil vai sediar e
enfrentando uma uma ameaça tríplice: o terrorismo djihadista,
tipo Al Qaeda; o terrorismo originário do narcotráfico e o terrorismo
extremista de direita ou esquerda de fundo político ou religioso, envolvendo
claramente intencionalidade, letalidade e motivação.
Mais urgente ainda é combater a franja
violenta que provocou agora sua primeira vítima fatal. Não ajuda confundi-la
com o terrorismo propriamente dito. É uma criminalidade associada ao
vandalismo, irmã gêmea das torcidas violentas nos estádios, dos hooligans ou dos skinheads. Penso que as propostas do secretario José Mariano
Beltrame na Folha de São Paulo de hoje de tipificar criminalmente o uso de
máscaras e o porte de objetos de agressão e a obrigar a comunicação prévia das
manifestações são um bom caminho e relativamente simples. Já o terrorismo é bem mais complicado mas pede urgência, conquanto serenidade.
Oi Sirkis Penso que você tem razão Se estas manifestações tivessem uma teleologia de esquerda haveriam faixas com questões de ordemAs agrsões não são características das passeatas de Movimento Estudantil das quais participeiLembrando Mafesoli parecem mais tribos urbanas querendo expressar ,algumas vezes carências reais,outras,apenas botar fogo no circo Admiro a sua sensatez Helenice Maria
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