Faltando duas semanas para o primeiro turno vai se configurando o cenário ao qual já me referi aqui como “o segundo turno no primeiro” dadas as características muito peculiares dessa eleição. Na média das pesquisas e trackings que tenho conhecimento, de fontes bastante variadas, o quadro se mantêm estável com Paes abaixo de 55%, Freixo abaixo de 20%, Rodrigo, Otávio e Aspásia embolados entre 3% e 2% dependendo do dia. Os indecisos são menos de 10% e tendem a se concentrar nas áreas mais pobres da cidade.
Nesse quadro o que ainda pode acontecer? Freixo pode retomar seu crescimento estagnado e chegar no teto que lhe atribuí de 25%? Aspásia pode ultrapassar os outros dois e instalar-se no terceiro lugar, perto dos 5%? Esses são dois movimentos que, de fato, ainda poderiam acontecer, mas há obstáculos. No primeiro caso a constatação, que vai se consolidando pouco a pouco, de uma candidatura para marcar presença para voos futuros sem ser verdadeiramente alternativa para prefeito nesta eleição. No segundo, um reduzido poder de reverberar diante da natural tendência de “voto útil” que se manifesta na reta final, em qualquer eleição, no Rio de Janeiro. Sua única chance é atrair consistentemente o voto-mulher. Conseguirá?
Para que houvesse segundo turno teria que haver pelo menos mais um candidato forte. No atual cenário, Freixo teria que conseguir atrair uma parcela muito grande das intenções de voto de Paes e uma muito ampla maioria dos (relativamente poucos) indecisos. Ora esses se concentram nas áreas de menor renda e tendem a se distribuir num padrão que segue a intenção de voto dos já decididos com um plus mais favorável a Paes. Já a possibilidade de tirar votos do próprio Paes poderia ocorrer apenas para um candidato com perfil análogo, credenciais de experiência em gestão e estilo não-confrontante vis a vis os governos federal e estadual, algo que o eleitor claramente está valorando, nesta eleição. Aspásia, se tivesse mais massa crítica, poderia atrair esse voto com mais facilidade que Freixo. Por estas razões dificilmente haverá segundo turno. Adesões aparentemente importantes de ultima hora não alterarão o quadro podendo inclusive criar explosivas contradições entre compromissos partidários atuais e futuros.
Ou seja, a tendência segue sendo a do segundo turno do primeiro e o clima de campanha deve continuar comparativamente enfadonho, o que contrasta dramaticamente com os desafios que a Cidade vai viver nos próximos quatro anos e o nível do debate que estamos desperdiçando sobre eles.
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