Pelo que tenho visto de pesquisas, as
divulgadas e as não, a minha tese de “segundo turno no primeiro” se confirma.
Paes e Freixo continuam um pouco abaixo de 55% e 20% e Aspásia, Rodrigo e
Otávio embolados entre 3% e 2%. Aspásia mantém suas chances de chegar em
terceiro superando os dois, na reta final, se valorizar o voto-mulher e a sua
experiência e parar de dispersar seu exíguo tempo de TV em questões temáticas que nessas alturas não
funcionam mais.
O
eleitor carioca, no primeiro turno, tende a votar “útil”. Não gosta do chamado “voto
ideológico” ou daquilo que os franceses chamam de vote de temoignage cuja
tradução literal é “voto de testemunho” mas que seria mais um “voto
solidariedade”. O voto no Freixo, por exemplo, não é um voto ideológico (salvo
um pequeno componente que disputa com Ciro Garcia, do PSTU). É o bom e velho
voto “politicamente correto” da classe média carioca que sustentou figuras tão
díspares quando Gabeira(10,08 e 86), Denise Frossard(06), Benedita(92) e Chico
Alencar(96). É um misto de esquerda libertária, sensibilidade verde e antiga
UDN, indignação anti-corrupção. É o
voto de um segmento que depende menos do poder público e é mais critico dele,
seja quem for o prefeito ou governador a postos. É um grande erro alguém supor que "tem" este voto. Ele é dado no dia da eleição e, depois, retorna aos corações e mentes dos eleitores. E a próxima eleição, é toda uma nova história...
Nessa eleição o PV e o PSOL invertem suas
posições em relação à anterior. Para quem se desanima com Aspásia a 2% no
Datafolha ou 1% no IPOPE lembro que, em 2008,
Chico Alencar teve, ao final, 1,8%, do voto válido. Eduardo Paes, para
governador, em 2006, teve 5%. Isso não os impediu, na eleição seguinte de obter
um resultado muito expressivo para deputado federal e se eleger prefeito do Rio, respectivamente.
Chico, em 96, para prefeito, tivera 22%, o que provavelmente Freixo terá,
aproximando-se de Gabeira, em 2008, com 25,6%. Gabeira tinha mais alianças e
tempo de TV mas enfrentava um campo de disputa pelo voto politicamente correto
muito mais congestionado com a presença de Jandira(9,7%), Molon (4,9%) e o
próprio Chico.
Essas votações, mais as de Crivella e Solange
Amaral levaram ao segundo turno com Paes que obteve 31%. Nessa eleição o
segundo já está embutido no primeiro e Paes deve terminar com mais de 60% dos
votos válidos e Freixo mais de 20%. A imprensa tenderá a divulgar os resultados
em votos válidos criando uma impressão de crescimento maior de ambos comparado
com as pesquisas na reta final. Mas esse
crescimento existirá, de qualquer maneira, embora em menor intensidade, pela força do “voto útil”.
O “voto útil tende” a esmagar do terceiro
colocado para trás. A única exceção recente foi a votação de Marina Silva, nas
presidenciais de 2010 (quando evitou o destino de sua amiga Heloisa Helena, na
anterior). Marina conseguiu subir na reta final, embora, em parte, seu “efeito”
fosse essa inversão a que me referi do percentual votos totais pelos votos
válidos, na divulgação da mídia. Marina teve 19% dos votos válidos. De qualquer
maneira, no seu caso, não houve esse esmagamento pelo voto útil e sim uma
arrancada final. Foi o ponto fora da curva. Nas atuais eleições do Rio o voto útil
tende a continuará tendo o peso de uma jamanta.
Galeria de Fotos: atrás do voto "politicamente correto":
|
1986: Gabeira Governador... |
|
O voto das areias... |
|
Com Denise, um penchant UDN...
|
|
Gabeira, prefeito, 2008. A quase vitoria... |
|
Marina, 2010. Escapando da jamanta do "voto útil"... |
|
Aspásia: vamos para o terceirão? |
Nenhum comentário:
Postar um comentário