17/06/2011

A beira da tragédia política

(...ou com uma idiota na piscina de geleca)

Ontem terminei a noite dominado por um pessimismo resignado. Não mais aquele que Gramsci definia como o pessimismo da mente, apanágio dos lúcidos, dos desassombrados, mas algo diferente e assustador: um pessimismo no coração. Venho me empenhando em manter Marina Silva no PV pois penso que para nós sua saída seria uma perda irreparável, de natureza a comprometer irremediavelmente nosso futuro e para ela um desgaste que certamente não merece.

O diálogo com José Luiz Penna começou algo promissor, pessoalmente temos uma relação afetuosa, mas na hora dos finalmentes ele pediu mais tempo para apresentar uma “contra-proposta” após uma consulta ao “pessoal”. Ou seja àquela burocracia míope, insensível, sem-voto, sem causa da qual não seria sequer próprio dizer que pensa pequeno, pensa para lá de minúsculo. Para essas pessoas, pasmem, Marina é um estorvo, um problema a afastar com seus 20 milhões de votos... Ontem, na imprensa, havia uma pobre coitada que queria processa-la (!) por criticar dirigentes do partido... Hoje a idiota (rima com seu nome) volta à lides, na Folha de São Paulo, para usufruir de seus dez segundos de fama para jogar mais lenha na fogueira com uma afirmações de matar de vergonha qualquer verde minimamente sério. Não vi hoje nenhum gesto de Penna ou de ninguém de seu grupo desautorizando-a. Tornou-se, então, a portavoz e quem cala, consente.

Assim voltamos à piscina de geleca. Na ausência de um gesto de grandeza, um lampejo de liderança, o caminhão sem freio volta a rodar ladeira abaixo e nada mais parece capaz de contê-lo pois agora está e juntando a fome com a vontade de comer. A impaciência e a desesperança daqui encaixa perfeitamente nas manobras excludentes de lá e rumamos desabalados para uma perda política irreparável. Vejo diante de mim um leque de opções todas ruins. Vejo milhares de bons e abnegados militantes verdes perplexos, milhões de eleitores que não vão entender mais xongas e cujo tênue ânimo de participação vai minguar. Valerá sequer a pena sequer continuar fazendo política???

Tenho um compromisso com a causa verde, meus companheiros de luta e meus eleitores e vou continuar a cumpri-lo até o fim deste mandato que me confiaram com toda força e dedicação. Vou canalizar minhas energias para um movimento político suprapartidário que encarne essa causa e possa servir-lhe de instrumento autêntico no momento em que cada vez mais aparece ao Brasil e ao mundo como absolutamente crucial. Um movimento político que, sem ser partido, adquira capilaridade em todo o Brasil, sensibilize e mobilize pelo menos parte dos 20 milhões de pessoas que despertaram para nossa causa naquela memorável jornada de outubro de 2010.

4 comentários:

  1. A Vera Mota falou em nome próprio. Eu mesmo, só fui saber o que estava acontecendo no final da tarde, uma vez que passei o dia as voltas com uma ação penal que os donos de construtora moveram contra mim, por causa da minha discordância com a verticalização da cidade de Belém.
    Camarada, tem pessoas fazendo coisas inoportunas de tudo quanto e lado e o principal, que é o debate democrtização não sai do lugar. Tive apenas vinte e cinco mil votos, foi muito para o esforço que fizemos, mas pouco para eleger-me, não sou burocrata e quero continuar lutando. Quero ter espaço para dizer a nossa candidata ao seu grupo qual e minha visão de democrácia partidária, mas ainda nao tive oportunidade, pois uma carta que escrevi, num pequeno esforco intelecual, para dizer minha sincera posição, foi respondida com um ataque da Transição Democrática numa postagem no dia de ontem.
    Este partido não tem tradição de debates e se quisermos que tenha, devemos ter paciência e a pedagogia de Antônio Gramsci, que mesmo na cadeia foi capaz de educar o próprio filho. Ter medo de enfrentá-los, buscando atalhos, não resolverá o problema, pois o mais fácil é a saí suprapartidária, ou atacar o Penna como único responsável pelo atraso de alguns dos nossos dirigentes.
    Quem teve vinte milhões de votos, tem muito mais responsabilidades do que os que não foram aquinhoados com o vento soprando a favor.

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  2. Estamos juntos na motivação de mobilizar e sensibilizar as pessoas para a oportunidade e a urgência da sustentabilidade também na política. Assim como o Congresso frustrou as expectativas da opinião pública na votação do Código Florestal, tenho certeza que milhares de filiados do PV também não se sentem representados por essa postura da direção nacional.

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  3. Mais uma vez me decepciono e tenho a sensação que no decorrer da minha vida essa não será a última vez. O mais perturbador, e isso é claro, é que há um dirigente do PV que está trocando a proposta de melhoria do partido por interesses pessoais. Não é possível que milhares (ou melhor milhões) de verdes estejam sendo manipulados por um grupo tão pequeno de pessoas. Não é possível que vamos continuar a esperar pelo pior, no conforto dos nossos lares, enquanto um grupo tão pequeno de pessoas querem malucar o programa de Marina em troca de poder.

    Ora, parece-me tão simples a resolução desse problema que fico até envergonhado de está o dizendo, mas, com certeza, milhões de pessoas são mais fortes que dezenas de oportunistas. Mesmo em uma guerra, apesar do nível do armamento, essa diferença consegue êxito. Mesmo se fossem dezenas com bazucas e milhões armados de facas.

    Não é honesto com o Brasil que Marina saia do PV, porque o PV foi feito para as ideias que ela está a propor e não para o Sr. Penna e sua quadrilha sugarem a sua vitalidade. O PV tem tudo para ser o maior partido do Brasil. A sua pauta atual, a forma de seus principais integrantes de fazer política poderá ajudar o Brasil a resulver os seus problemas. O PV é o único partido que não se rende aos grandes desmatadores, o único partido que luta pelos seus ideais. É muito triste vê-lo sendo ceifada a vida.

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  4. Sim, sem mexer com o partido sem alterar sua estrutura atual, que no mínimo deveria acompanhar o sistema eleitoral vigente, de eleições diretas. E a Marina fica com o consolo de uma manifestação supra partidaria em prol da democracia, por ter apostado em trambiqueiros, hummmmm, entendeu...

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