17/06/2010

Integra do email a Merval Pereira

Hoje em sua coluna em O Globo, Merval Pereira publica algumas opiniões minhas sobre a campanha de Marina e a discussão do chamado "realinhamento histórico", ou seja, como poderia ser a geometria de uma maioria parlamentar caso Marina viesse a ser eleita. Eis a íntegra do email.

Caro Merval:

Tenho a impressão que é cedo demais para concluir-se que Marina "não consegue convencer da viabilidade de seu projeto nem parece ter a força necessária para promover uma mobilização social que amplie seu eleitorado para além dos 10% a 12%(...) conforme você opina.

O simples fato de estar em 10% a 12%, quando em outubro do ano passado estavámos com 3%, já indica uma mobilização social em curso, apesar do emparedamento que você corretamente menciona. As campanhas cada vez mais se concentram nas últimas três semanas do processo e as novas mídias tem jogado um papel crescente embora não se possa ainda afirmar que poderá ser decisivo. Em 2008, a um mês das eleições do Rio, o Gabeira ainda estava em quarto lugar com menos de 10%.

Por outro lado, na hipótese de Marina ser eleita, não creio que a idéia de governar com o PT e o PSDB seja necessáriamente utópica. Esse partidos social-democratas, cada um a sua maneira, não se juntariam em um governo comandado por um ou outro mas Marina poderia promover esse "realinhamento histórico" com sua mediação criando uma alternativa de um governo mais programático a ter que se render do PMDB ou ao DEM. Haveria uma outra maioria parlamentar mais recomendável?

O grande problema subjacente é o da reforma política. Para fazer recuar o fisiologismo, o clientelismo e o assistencialismo da política brasileira, cada vez mais dependente dos "centros assistenciais" é preciso mudar o sistema eleitoral para o voto proporcional por lista ou o distrital misto.

Atualmente os três partidos que lançaram os candidatos à presidência PT,PSDB e PV são os que ainda possuem alguma referência programática não é absurdo se pensar que um dia possa governar juntos. Depende que uma liderança que possa uni-los mais adiante.

Em período eleitoral quando as diferenças, divergências e desavenças tendem a se exacerbar essa discussão parece meio absurda mas, estrategicamente falando, é pertinente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário