28/03/2018

Segurança: fala sério!



Fala sério, diria o imortal Bussunda. Começou a “desancagem” da grande mídia em relação à intervenção.  Além da grande provocação da execução de Marielle, sem dúvida imenso fator de desgaste --“golpe de mestre” do mal--  temos nosso jornalismo hiper imediatista e seus palpiteiros de sempre. 

 Então alguém achava, a sério,  que em um mês iam cair os índices de violência num estado falido, com total crise de autoridade, criminalidade pulverizada e policias criminalizadas, desmotivadas e desmoralizadas?  

Qual o santo milagreiro capaz de fazer isso???

 Lidamos com três problemas distintos: 1 – insegurança cidadã  (assaltos, latrocínios, e balas perdidas) 2 – Controle territorial do crime organizado (facções do tráfico e  mal chamadas “milícias”) 3 – Colapso da autoridade e das polícias. Cada um desses fenômenos, embora profundamente interligados,  tem uma dinâmica distinta.  

 O pior para a população, no imediato, é  o primeiro resultado primordialmente do crime desorganizado, periférico, caótico cujo controle depende de um policiamento ostensivo, preventivo com ocupação dos bairros, a pé e –segredo de polichinelo--  de uma mãozinha do crime organizado: “aqui na minha área, não!”. 

 Houve um momento onde quase acabou o controle territorial ostensivo das facções sobre boa parte das favelas. Hoje não é mais o caso. A curto prazo, pelo menos e enquanto a área de segurança não for totalmente reorganizada, ele vai subsistir. O que dá para conseguir, a curto prazo, é uma trégua. No sentindo de cessarem ações expansionistas, as guerras por territórios –essas devem ser sufocadas com todo poder de fogo disponível, de forma exemplar-- , deles recolherem seu armamento de guerra deixando de ostenta-lo. 

 Já aconteceu dezenas de vezes no passado: é sempre algo tácito e por razões óbvias não assumido. Em geral não dura muito tempo e tem o lado negativo de permitir a capitalização dos bandos e a regularidade do “arreglo” sem o qual não há esse tipo de trégua.

A outra alternativa é uma ofensiva geral com enfrentamento sistemático desse controle territorial. Certamente não direi “acabar com o tráfico” porque isso é pura fantasia, nunca vai acontecer a não ser com a legalização, quando a droga passar para o âmbito da saúde pública, puder ser comprada na drogaria com aquela tarja de maço de cigarro: “você esta f... com sua saúde”. A ofensiva geral com BOPE, fuzileiros navais, forças especiais e o esquibao parece atraente mas irá produzir certamente vítimas inocentes nossa sociedade não tem estômago para tanto. A imprensa será a primeira a se indignar deslegitimando a ação.  Ela poderá ser feita num outro contexto com as polícias reorganizadas e uma ação conjunta com outras esferas de governo que funcionem quando for restabelecida uma autoridade pública minimamente respeitada. Não é o caso, atualmente. 

 Colapso da autoridade de governo e das polícias. Eleger um governador que não seja um ladrão, um safado, um cretino ou um ideólogo nefelibata já seria um bom começo (quem, meu Deus???). Reforma das polícias. Policias em tempo integral , bem pagas e bem treinadas, como explico no blog anterior.


 Nada disso acontece de hoje para amanhã, leva anos. O primeiro ponto, do alívio imediato, pode vir mais rápido mas provavelmente será efêmero. Analgésico. O bom em velho Melhoral.  Tinha lá sua serventia de momento.

No mais, chega de histeria!

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