Então alguém achava, a sério, que em um mês iam cair os
índices de violência num estado falido, com total crise de autoridade,
criminalidade pulverizada e policias criminalizadas, desmotivadas e
desmoralizadas?
Qual o santo milagreiro
capaz de fazer isso???
Lidamos com três
problemas distintos: 1 – insegurança cidadã
(assaltos, latrocínios, e balas perdidas) 2 – Controle territorial do crime
organizado (facções do tráfico e mal
chamadas “milícias”) 3 – Colapso da autoridade e das polícias. Cada um desses
fenômenos, embora profundamente interligados, tem uma dinâmica distinta.
O pior para a população, no imediato, é o primeiro resultado primordialmente do crime
desorganizado, periférico, caótico cujo controle depende de um policiamento
ostensivo, preventivo com ocupação dos bairros, a pé e –segredo de
polichinelo-- de uma mãozinha do crime organizado: “aqui na minha área, não!”.
Houve um momento onde
quase acabou o controle territorial ostensivo das facções sobre boa parte das
favelas. Hoje não é mais o caso. A curto prazo, pelo menos e enquanto a área de
segurança não for totalmente reorganizada, ele vai subsistir. O que dá para conseguir, a curto
prazo, é uma trégua. No sentindo de cessarem ações expansionistas, as guerras por territórios –essas devem
ser sufocadas com todo poder de fogo disponível, de forma exemplar-- , deles recolherem seu armamento de guerra deixando de ostenta-lo.
Já aconteceu dezenas de vezes
no passado: é sempre algo tácito e por razões óbvias não assumido. Em geral não
dura muito tempo e tem o lado negativo de permitir a capitalização dos bandos e
a regularidade do “arreglo” sem o qual não há esse tipo de trégua.
A outra alternativa é uma ofensiva geral com enfrentamento sistemático
desse controle territorial. Certamente não direi “acabar
com o tráfico” porque isso é pura fantasia, nunca vai acontecer a não ser com a
legalização, quando a droga passar para o âmbito da saúde pública, puder ser
comprada na drogaria com aquela tarja de maço de cigarro: “você esta f... com
sua saúde”. A ofensiva geral com BOPE, fuzileiros navais, forças especiais e o
esquibao parece atraente mas irá produzir certamente vítimas inocentes nossa sociedade não tem estômago para tanto. A imprensa será a primeira a se indignar deslegitimando a ação. Ela poderá ser feita num outro contexto com as polícias reorganizadas e uma ação conjunta com outras esferas de governo que funcionem quando for restabelecida uma autoridade pública minimamente respeitada. Não é o caso, atualmente.
Colapso da autoridade de governo e das polícias. Eleger um governador que não seja um ladrão, um safado,
um cretino ou um ideólogo nefelibata já seria um bom começo (quem, meu Deus???). Reforma das polícias.
Policias em tempo integral , bem pagas e bem treinadas, como explico no blog anterior.
Nada disso acontece
de hoje para amanhã, leva anos. O primeiro ponto, do alívio imediato, pode vir
mais rápido mas provavelmente será efêmero. Analgésico. O bom em velho
Melhoral. Tinha lá sua serventia de
momento.
No mais, chega de histeria!
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