22/04/2016

Sísifo climático

 Uma reunião da ONU para assinar um acordo de já fora para todos efeitos assinado em dezembro de 2015, em Paris. E que agora terá que ser ratificado, em "geometria variável",  nas circunstâncias de cada país. Aprovado pelo parlamento ou, como no caso dos Estados Unidos cujo senado é dominado pelos republicanos negacionistas climáticos,  por decreto presidencial. No Brasil não se ainda sabe se ratificado apenas pelo Senado ou se também pela Câmara. Isso nesse período um tanto confuso.

 Ou seja, tivemos em Nova York uma reunião para manter a bola em jogo. Nesse sentido deu certo: 175 o países assinaram na própria cerimônia da ONU, segundo os entendidos, um recorde. Os habituais líderes climáticos estavam presentes: Ban Ki Moon em processo de despedida da ONU. Ségolène Royal, ministra do meio ambiente da França, finalmente ungida ao papel de preside te da COP 21 --que já acabou-- no lugar de seu rival e desafeto Laurent Fabius. O americanos:  John Kerry, emotivo, Al Gore, assertivo, e governador da Califórnia Jerry Brown.  Dilma, é claro e, até,  o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas. 

 A vantagem desses encontros é  rever os insiders,  atualizar as conversas e as agendas. Na reunião preparatória de Bonn, no proximo mês, vamos discutir os desdobramentos do parágrafo 108 da Decisão de Paris (documento gêmeo foi Acordo de Paris, já em vigor desde dezembro) que reconhece o o valor econômico e social da redução de carbono instituindo a chamada "precificação positiva". Essa questão junto com a chamada "precificação real" --atribuir um preço ao carbono para efeito de taxação-- e a nova forma de funcionamento dos "mercados de carbono" será sem dúvida um tema importante, até porquê enquanto a ONU  discute como juntar os 100 bilhões de dólares prometidos e reiterados na COP 21, sabe-se que a transição para uma economia de baixo carbono/carbono neutra demandarea cerca de 3 trilhões de dólares por ano...

 Outro tema quente seria o "regime de verificação" no contexto da desejada "transparência" já que passamos de um regime (Quioto) onde só dois países desenvolvidos tinham metas (obrigatórias) para um  novo onde todos as terão.  Embora internacionalmente voluntárias, "nacionalmente determinadas"  podendo ser obrigatórias  internamente pelos países que assim o entenderem e colocarem na sua legislação.

No final de 2016, esse ano um mês mais cedo, em novembro, teremos a COP 22, em Marrakesh, no Marrocos, que já esteja sendo definida como a "COP africana". Será basicamente uma conferencia para detalhar e operacionalizar o que foi decidido --muitas vezes de forma vaga e ambígua--  em Paris. O clima ainda vai dar muito pano pra mangas.



Um comentário:

  1. O quê quer dizer na prática a precificação de carbono? E como a presidenta promete "desmatamento zero" na Amazônia se estão construindo uma cidade universitária em Iranduba? Isso quer dizer que pelos próximos 10 anos ou mais haverá desmatamento nessa área.

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