As sirenes de alarme soaram com os resultados
das eleições europeias e o grande avanço das forças de extrema-direita,
xenófobas e anti-União Européia. Cerca de um quarto do novo Parlamento Europeu
--o qual vai sentir muito a falta do meu amigo Daniel Cohn Bendit que se
aposentou-- agora será integrado por um
leque de forças de extrema direita díspares entre si: neonazistas gregos e
alemães, extrema-direita xenófoba do Front National e similares holandeses,
isolacionismo britânico e por aí vai. Há nessa direita uma considerável
cacofonia ideológica mas alguns traços em comum: um pano de fundo de medo (do
imigrante, dos gays, das estruturas supranacionais, dos muçulmanos, dos judeus,
em doses variáveis de um para outro grupo).
Não há uma perspectiva imediata de ocupação do
governo por nenhum desses partidos no seu país mas o grande risco de uma parte
de suas ideias influenciarem os governos da direita clássica a implementarem
partes de seus programas como já aconteceu noutras épocas. O que parece
seriamente comprometido é o projeto europeu, sobretudo se as políticas ditas de
austeridade não forem recalibradas dando lugar a componentes neo-keynesianos
como os implementados nos EUA pela administração Obama e pelo Federal Reserve.
Mais do mesmo sob a hegemonia Merkel irá demolir a União Europeia como é
hoje.
Há espaço para um fenômeno similar no Brasil?
Há um campo conservador muito grande no eleitorado popular e na (mal) chamada
classe média emergente. Esse segmento é politica e ideologicamente órfão por
causa do patológico fisiologismo da direita política brasileira. A maior parte
dela prefere virar sócia menor do conglomerado lulista para continuar mamando
vorazmente nas tetas da “viúva” (“A viúva de Caxias” é o apelido dado à republica
nos quarteis).
Nossa é uma direita “geiselista”, estatizante,
fisiológica de corte pombalino, distante de uma direita liberal- conservadora
que se expressa na mídia mas carece de peso social. Onde a direita no Brasil encontra espaços de
afirmação é nas questões de costumes na qual pode somar-se à direita religiosa,
católica ou evangélica, em temas como a
questão o casamento gay, o aborto, as drogas e desses estranha invencionice
recente da denúncia das “políticas de
gênero” (?) seu mais recente fantasma, esse de inspiração externa. Nesse âmbito suas posições são quase hegemônicas. Há no Brasil uma consistente
maioria contra a legalização do aborto --maior do que há 30 anos atrás-- e cerca de
85% da população contraria à
descriminalização da maconha –que para todos os efeitos já praticamente existe
na prática. Legalização, então...
Uma das curiosidades da política brasileira
atual é como o PT alimenta o crescimento dessa direita sócio-cultural nutrindo
de forma sistemática suas lideranças pelo caminho de provocações estimulantes. Bolsonaro
e Feliciano são seus parceiros de tango. A forma de abordar a questão
homossexual, não pela viés dos direitos
civis, do respeito à diferença, mas como educação sexual nas escolas é um bom
exemplo.
Outra bola levantada na pequena área é essa oferta massiva de
holofotes para o estrelato de velhotes torturadores e assassinos guinchados da
lata de lixo da história a um protagonismo midiático com o qual não contavam
nem em seus sonhos mais delirantes. Refiro-me ao efeito prático, objetivo dessa
onda pela revisão da lei de anistia e esse esforço de diversão das questões
atuais, candentes, trocando-as por uma
guerra velha de mais de 40 anos. Um revival
dos anos 70 do século passado desviando atenção dos dramas atuais. Parecem aquele cientista do Jurassic Park que
determinado a fazer renascer os dinossauros a partir de suas amostras de DNA
carinhosamente garimpadas.
Por que fazem isso? Por que pautaram a absurda
quota racial nos concursos públicos e a revisão da anistia “recíproca” levando
tais diversionismos para o centro da atualidade política?
Primeiro porque, de fato, são diversionismos úteis politicamente num momento em que não há mais fatos positivos recentes para promove-los. Em segundo lugar porque isso os faz sentirem-se, de novo, “de esquerda” ainda que estejam agarradinhos a Paulo Maluf, Jader Barbalho, José Sarney. Assim se sentem mais uma vez “companheiros heroicos” enfrentando os torturadores do DOI CODI. Faz bem ao imaginário de quem hoje é poder da forma mais tradicional, de quem cooptou a quase totalidade da direita para o reparto do botim da viúva.
Mas essas políticas podem muito bem cevar já
não mais uma direita fisiológica, castrada e domesticada mas uma nova
extrema-direita tanto laica como religiosa, por vir: fanatizada, brutal, violenta e
turbinada por redes sociais.
Reflitam bem, aprendizes de feiticeiros sobre a lei das consequências inesperadas, prima-irmã da Lei de Murphy...
Escuta aqui , guerrillheiro terrorista , vc respeite a direita. Ser de direita não é pecado seu vagabundo.
ResponderExcluirSou de direita e nunca assaltei banco nem matei ninguém , já vc queridinho, deveria estar é prêso pois vc é um terrorista e nunca ficou um dia na cadeia seu vagabundo.