Se a indignação é fingida, tudo bem. Pode ser
uma boa tática para pressionar os americanos. Se é de fato sentida como vejo
nas vibrantes e vituperantes palavras de diversos colegas aí tenho um certo
receio de que vamos tangenciar o ridículo.
A espionagem de governos por outros governos é
velha como os governos. Sempre existiu, existe e sempre existirá. A ilustração do que foi publicado com o
diagrama das comunicações por celular de Dilma é uma maneira elementar de saber
quem é influente no governo e no establishment
político brasileiro.
Num presidencialismo poderoso como o nosso
--mais do que o dos EUA-- é pule de dez
se deduzir que quem mais fala ou ouve a presidente tem mais influência. Isso os
“metadados” revelam. E nada garante que fique nesses “metadados”. É plausível
se supor que eventualmente o NSA mergulhe no “copião” das conversas
presidenciais, simplesmente porque pode, tem essa capacidade tecnológica e isso
não representa nenhuma novidade.
Se a presidenta não gosta de usar o celular
criptografado e usa um igual ao meu, seu, nosso, grampeável a todo momento por esquemas
infinitamente mais artesanais que o da fuderosa NSA, penso que trata-se, como
dizíamos nos bons e velhos anos de chumbo de um “liberalismo” da companheira.
Sinceramente, irrita-me muito mais a
espionagem econômica a empresas e aquela a particulares, a pessoas sem o menor
vínculo sequer suposto com o terrorismo o qual, espero sinceramente, a NSA esteja
conseguindo monitorar com mais sucesso que antes do 11 de setembro ou nos anos 90
quando tivemos aqueles dois horríveis atentados em Buenos Aires.
Do caso Snowden preocupa-me sobretudo a
revelação sobre a quantidade de gente que tem acesso potencial para além dos
“metadados” e o fato de serem numa grande proporção “terceirizados”. Se Snowden
pode ter “traído” por motivos de consciência (ou ressentimento, segundo outra
versão) deve haver um número certamente maior capaz de fazê-lo por motivos
fisiológicos, comerciais, criminais.
Quantos Snowdens não descobertos podem estar vendendo dados do grampo global do NSA?
Se não conseguiram prevenir Snowden que se
auto-revelou quem garante que conseguem impedir algum que eventualmente esteja vendendo
segredos industriais da Embraer para a Bombardier ou segredos de alcova do
Cardeal Fulanoli aos seus rivais na cúria romana ou ainda o diagnóstico de
câncer de seio de uma atriz famosa para uma revista de sensações.
Preocupa-me mais o desamparo do cidadão comum
de todo planeta do que a NSA (e outros serviços secretos) poderem grampear nossa presidenta que dispõe ainda que apenas potencialmente de
tecnologias de proteção às suas comunicações.
A única coisa a fazer é impor desgastes
políticos ao governo norte-americano, nesse momento delicado, via a mídia internacional
e, conjuntamente com outros países amigos dos EUA como a Alemanha, a França tentar obter uma regulamentação mínima: certos limites e critérios para a
interceptação de comunicações em países amigos e em situações claramente
desvinculadas de quaisquer ameaças terroristas.
Da mesma forma com que as escutas de cidadãos norte-americanos obedecem
a critérios e carecem de autorização da FISA --um tribunal meio kafquiano cuja
função é prevenir abusos da NSA contra cidadãos norte-americanos-- deveria haver uma regulamentação para os
países amigos. Realisticamente não acredito isso vá proteger comunicações
governamentais -- que tem obrigação de se protegerem a si próprias—mas que poderia prevenir abusos contra cidadãos comuns e empresas.
No mais há que se assumir que vivemos um
reality show planetário ilustrado pela onipresença de câmaras de TV de vigilância --diante das quais a solidão no elevador não enseja mais a gente
prosaicamente coçar o saco-- ou a
auto-exposição ininterrupta e massiva no Facebook.
A privacidade e a reserva não
são mais aquelas. São tempos pra lá de "over" de metabisbilhotice e ultraexibicionismo.
Sirkis O reality show do mundo contemporâneo é diferente das crônicas d CDA sobre as cartas dos avósHá que separar alhos de bugalhosTenho confundido s,z,i,y,por cansaço mas não sou competente como o Jânio Quadros,como o Gladstone... e o que há de românico na nossa língua é muito próximmo de um possível Dialeto Caipira Mas,divagações à parte,invadir a privacidade de correios,de internet,,,é crime de lesa humanidadeApesar de todos nós sabermos que os crimes de Estado são muito mais brutais Beijo Helenice Maria
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