13/09/2010

To PRI ou not to PRI?

Eis o nosso programa abordando os "golpes baixos" de campanha e a necessidade de Marina no segundo turno e de uma forte bancada verde no Congresso Nacional:



O PRI (Partido Revolucionário Institucional) governou o México por sete décadas. Em termos de longevidade e gestão azeitada do poder foi superior ao Partido Comunista da União Soviética (PCUS), cujos processos sucessórios e lutas internas foram marcados pelos mais sangrentos expurgos. O PRI montou um sistema em que o presidente escolhia seu sucessor mas, depois desaparecia de cena. Para mencionar, a partir dos anos 60, Luiz Echeveria, Lopez Portillo, Miguel de la Madrid, Salinas de Gortari e Ernesto Zedillo, apontaram seus sucessores mas, depois abandonaram a vida política. Não só a reeleição era vedada, como a volta a qualquer tempo para um segundo mandato. Nenhum deles virou eminência parda do sucessor e no governo de Zedillo o antecessor Salinas foi indiciado por corrupção.

O processo de indicação do sucessor que incluía um processo de consulta aos "cardeais" do PRI recebeu no nome de el dedazo pois, ao final, era o presidente de turno que apontava com o dedo o próximo primeiro mandatário mexicano e chefe do partido. Era um processo autoritário institucional e não do tipo caudilhista, peronista, em que o general Juán Domingo Perón e, mais recentemente, o ex-presidente Nestor Kirscher colocaram suas respectivas mulheres na linha sucessória ou na sucessão como uma extensão e projeção de seu poder pessoal. Neste sentido, o dedazo de Lula está mais na linha desse personalismo caudilhista do peronismo do que do hegemonismo de partido do estilo PRI e cujo exemplo mais eficiente de funcionamento é sem dúvida ao PC chinês no pós-maoismo.

Há várias outras características que diferenciam o dedazo de Lula e o PT do hegemonismo do PRI, desde os anos 30, quando foi consolidado pelo único presidente mexicano de fato maior que seu próprio aparato: Lazaro Cárdenas. De qualquer forma, essas distinções que alguns analistas vem sublinhando, não anulam o fato de que o dedazo de Lula --inclusive, pelo fato dele projetar permanecer como eminência parda-- a se consumar, traz perigos para a democracia brasileira. A dominação de um partido de influências leninistas, com controle de uma máquina sindical e que, ao longo dos últimos oito anos, cooptou com sucesso as mais tradicionais oligarquias da política brasileira, é preocupante e precisa ser contraposto por um realinhamento histórico da social democracia, sob influência dos verdes.

Há diversos quadros de qualidade no PT que compartilham dessa preocupação e que percebem que é Marina Silva e não o dedazo, quem encarna o lado melhor do ideário de seu partido.

É fundamental que haja segundo turno e que lá esteja ela: Marina Silva.

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