08/08/2010

A pregação cristã de Marina

Ontem assisti pela primeira vez, Marina num ato evangélico. Foi na quadra do Olaria, na rua Bariri, no Rio, atendendo a um convite da pastora Márcia e do pastor Ezequiel, da igreja Vida Nova. Havia umas três mil pessoas, de todo o Brasil. Foram extremamente hospitaleiros, não apenas com ela, como era de se esperar, como também comigo e Gabeira que a acompanhávamos.

Pastor Ezequiel é carismático, bem humorado, no estilo televangélico norte-americano, mas seu discurso é tolerante e otimista. Pra cima. Exalta o Brasil, prega a participação para sua melhoria e promoveu um ritual simpático com as bandeiras dos estados da federação e a brasileira, cantando um trechinho do seu hino, que aprendemos na escola “recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil, querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil”.


Marina ao contrário do que eu imaginava fez um discurso cem por cento religioso, sem referência alguma ao momento eleitoral. Penso que quis marcar claramente o contraste com os candidatos, que vão a essas atos falar de suas candidaturas. Ela está convencida que esse comportamento, que lhe garantirá o voto cristão, independentemente dos muitos pastores que à diferencia de Ezequiel e Márcia, que trocaram o critério de identificação religiosa pelo vil metal. É uma aposta. Nas nossas pesquisas, no Rio, o voto evangélico de Marina está ligeiramente abaixo dos 14% do geral no estado. A razão detectada, no entanto, é o desconhecimento que, por incrível que pareça, chega a 40% na baixada fluminense, área de maior concentração de evangélicos.


A pregação religiosa de Marina --poderosa, cheia de colorido e de coração-- foi praticamente um enunciar de valores que são caros ao Partido Verde, referenciados em passagens bíblicas --com algumas tiradas de bom humor. O eixo foi o papel da mulher, o tema do evento evangélico. Marina mostrou que até pouco mais de cem anos, contrariando o ensinamento bíblico --que deu a mulher sucessivos papéis centrais: o antecipatório, o da boa nova, o da preparação de Jesus ao sacrifício e ao do anúncio de sua ressurreição-- as sociedades humanas foram fortemente patriarcais e as mulheres oprimidas, seu potencial represado.

Outro aspecto importante do discurso de Marina também fortemente fundamentado em citações bíblicas --entremeadas com algumas alusões psicanalíticas-- foi a denúncia firme de qualquer forma de discriminação. A afirmação do feminino, a tolerância para com a diferença, a não discriminação, o respeito à natureza que ela pregou, são todos os valores que o PV defende na sua linguagem laica. Lá, ela os expunha pelo viés de um consistente conhecimento bíblico, o que muito impressionou a platéia.







A distancia entre a fé cristã de Marina e o menor resquício de "fundamentalismo" é abissal. Ela está há muitos anos-luz daquela imagem distorcida que tentam espalhar, sobretudo na internet nossos concorrentes e os portadores do outro preconceito, o anti-religioso.



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