18/07/2010

Centros Assistenciais e voto jabuticaba




Acompanhei de Nova York, onde estou preparando a visita da Marina, a operações do TRE contra os centros assistenciais de alguns políticos fisiologistas, no Rio. Dessa vez, de fato, colocaram o dedo na ferida. Esses centros são a essência do que existe de mais errado na política brasileira. Representam uma forma de compra de voto e hoje cerca de 70% dos políticos brasileiros possuem algum. É um grande instrumento de renovação dos mandatos e  preservação desses políticos pois lhes garantem uma eterna clientela de desvalidos.

 Um político desses pode ser flagrado pelo Jornal Nacional num ato de pedofilia e nada perderá de sua base eleitoral: aqueles 20 mil desvalidos aos quais dá transporte de ambulância, assistência medida, odontológica, serviço de despachante, material de construção, etc... vão continuar votando nele. Eles querem mais que ele seja bem sucedido na corrupção pois quanto mais roubar mais vai poder “cuidar do seu povo” como eles costumam dizer.

 Esse curralismo eleitoral urbano é hoje a essência da política brasileira. Quando me elegi pela primeira vez, em 88, estava convencido que os políticos fisiologistas e corruptos enganavam seus eleitores. Hoje sei que infelizmente não é assim. Quem os elege sabe perfeitamente em quem estão votando. A maior parte da corrupção “caixinhas”, leis de favorecendo interesses excusos, etc... existe para financiar esses centros assistencias que são caros.  Enquanto isso o voto de opinião encolhe a cada eleição.

 O calcanhar de Aquiles desta ação do MP e da Justiça Eleitoral é o fato do centro assistencial estar umbilicalmente ligado ao nosso sistema eleitoral do voto personalizado, “o voto jabuticaba”.  Virou algo tão generalizado que só a instituição do voto proporcional por lista ou do distrital misto pode mudar isso. 


Se você passa a votar no partido, numa lista previamente definida hierarquicamente por ele, a demanda por um centro assistencial que assegure curral permanente para esse ou aquele político torna-se inócua. Aí, no máximo,  cada partido clientelista tentaria ter o seu, geral, que seria muito mais fácil de fiscalizar e de debelar. A lógica seria quebrada e centro assistencial viraria espécie em extinção.

Mas ainda estamos longe disso e nessas eleições como nas anteriores esses currais eleitorais urbanos continuarão a desempenhar um papel central e cresente na distribuição do voto fora das áreas de classe média politizada.




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