Dei um
tempo para ver os primeiros dias de Trump presidente para perceber se haveria
alguma diferença entre o candidato boquirroto e o presidente na Casa Branca.
Conforme temia não há. O que aconteceu nas eleições dos EUA, de 2016,
certamente irá entrar para a história como um fenômeno extraordinário no qual
grande parte de uma sociedade, enredada num sistema eleitoral anacrônico e que, nesse caso, não refletiu a vontade da maioria dos eleitores, assumiu um risco tragicômico e cometeu uma
irresponsabilidade histórica abissal. Quão cômico e/ou quão trágico ainda está para ser visto não só
pelos EUA como pelo resto do planeta.
O grotesco
na história frequentemente plasmou-se em tragédia. Hitler era um ridículo
caporal que começou tentando um golpe tresloucado baseado numa cervejaria de
Munique. Foi sistematicamente subestimado pelo establishment político conservador
da República de Weimar que pensou manipula-lo para seus próprios fins com o
resultado que se veio a conhecer depois. O pateta do bigodinho custou dezenas de
milhões de vidas. Mussolini, Nero, o imperador e grande artista que incendiou
Roma porque achava bonito, Solano Lopes --que dizimou o povo paraguaio no que pese
o revisionismo histórico de alguns que hoje o cultivam—não faltam histriões
dentre os governantes pretéritos e contemporâneos, de Mobuto a Kim Sung Il, passando por Papa Doc
e Rafael Leonidas Trujillo.
Os EUA nesse século haviam sido relativamente
poupados por força de seu sistema “pesos e contrapesos”. Padeceram com um brilhante
mas obtuso imobilista, Hebert Hoover, que abriu caminho para a grande depressão de
1930, um astuto e recalcado paranoico, Richard Milhouse Nixon e um
primário porralouca, George W Bush. Podemos considera-los a todos consumados e renomados estadistas comparados quem acaba de aboletar-se na Casa Branca.
A
verdade é que ninguém sabe o que vai acontecer com Trump. A realidade política internacional pregou peças e colocou perrengues históricos presidentes norte-americanos bem mais capacitados: Kennedy teve que
enfrentar a herança do intervencionismo em Cuba que gerou a crise dos mísseis de
1962, quando estivemos a dedos de uma
guerra nuclear. Precisou conter o general Curtis Le May que queria bombardear preventivamente a URSS. Truman teve que torrear o general Douglas Mc Artur que queria atacar a China e foi contido a duras penas. Bush, pai, soube repelir
Saddam Hussein sem meter-se a ocupar o Iraque.
Obama deu nó em pingo d’agua e foi injustamente estigmatizado por não ter bombardeado a Síria –de que teria servido???-- quando obteve algo mais significativo que foi destruir as suas armas químicas que poderiam facilmente ter caído nas mãos do Estado Islâmico. Até para os mais preparados e inteligentes dentre os presidentes norte-americanos o mundo foi um lugar ingrato, complicado, perigoso e cheio de cascas de banana estratégicas.
Obama deu nó em pingo d’agua e foi injustamente estigmatizado por não ter bombardeado a Síria –de que teria servido???-- quando obteve algo mais significativo que foi destruir as suas armas químicas que poderiam facilmente ter caído nas mãos do Estado Islâmico. Até para os mais preparados e inteligentes dentre os presidentes norte-americanos o mundo foi um lugar ingrato, complicado, perigoso e cheio de cascas de banana estratégicas.
De saída
Trump quer meter-se no Mar da China, hostilizar o México, de forma inédita desde
as guerras do século XIX, contribuir para desagregar a União Europeia e a OTAN,
dar rédea total para a extrema direita israelense na Cisjordânia e Jerusalém, reverter
o acordo nuclear com o Irã, destruir o seguro saúde criado por Obama para 20 milhões de americanos e desmantelar a política ambiental e climática construída
nos EUA ao longo dos últimos 50 anos. Quer desmontar a EPA, a agencia
ambiental criada por Nixon, em cuja direção colocou um homem já que defendeu sua
pura e simples extinção e se distinguiu por ter movido contra ela inúmeras
ações judiciais a mando dos poluidores os mais diversos.
Trump é dispersivo,
desatento e se interessa por relativamente poucos assuntos para além de sua própria
glória. Sua tendência será
entregar para a extrema-direita republicana a maior parte das estruturas de
poder e isso certamente produzirá numerosíssimos conflitos internos que ele terá dificuldade
em mediar. Suas idéias econômicas são antípodas das cultivadas tradicionalmente pelo partido. Ele deve se concentrar em alguns poucos assuntos que lhe interessam e manter uma relação de conflito infantil com todos os que cruzarem seu
caminho ou por alguma razão entrarem na sua alça de mira.
Paul
Pillar, um ex-analista da CIA e um dos comentaristas do site National Interest, que gosto de ler, me parece muito pertinente quando duvida da tendência isolacionista atribuída
a Trump por conta do seu discurso que lembra o dos republicanos do pós I
Guerra, até Pearl Harbour (e de alguns democratas como Joseph Kennedy). Trump
pode pregar um neo-isolacionismo mas é quase inevitável que acabe se metendo em
alguma aventura bélica externa para desviar a atenção e tentar recuperar-se do
extremo isolamento interno com o qual já se defronta.
Com quase 3
milhões de votos a menos, eleito circunstancialmente por cerca de 70 mil votos a
mais em três estados (tradicionalmente democratas) Pensilvânia, Michigan e
Wisconsin, Trump tende rapidamente a ficar muito
isolado junto a população das regiões mais dinâmicas e modernas do país. Deve também rapidamente decepcionar a parte menos
fanática e racista do eleitorado branco de baixa classe média ou operário que o
elegeu. Seu primeiro grande alvo é o
Obamacare e pelo que tudo indica ele arrisca acabar com o seguro saúde
alguns milhões dos seus próprios eleitores.
Um presidente dos EUA, internamente, tem menos poder que um presidente brasileiro. Embora tenha maioria na Câmara,
no Senado e, logo mais, na Suprema Corte ele já fez suficientes inimigos dentre
os republicanos para que se possa prever uma tantas frustrações para esse homem
que não consegue lidar com elas.
Seu único poder, absoluto e impossível de
controlar, é o sobre o arsenal nuclear norte-americano. Como comandante em chefe, tem discricionariedade sobre dos mísseis e ogivas dos Estados Unidos que
podem ser colocado em condições de lançamento em apenas quatro minutos com os códigos que porta um assessor militar que fica a pouca distância a todo momento.
O elefante na sala tem a forma de cogumelo... Muitos energúmenos já exerceram grande poder, ao longo da abjeta história da humanidade mas nunca o
comando supremo sobre um tão mortífero complexo militar esteve em mãos tão inseguras quanto as desse construtor
imobiliário show man megalomaníaco de imenso ego e curto pavio.
Somente Truman e ENLIL tiveram oportunidade de fazer as besteiras que Trump promete e, foram desastres atômicos. O Planeta - Jardim - Terra, terá de criar métodos obrigatórios para Políticos passarem pelo SCAN de CORRUPÇÃO. A máquina já existe, falta adotar... ver FB hj.
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