16/01/2015

Mais estranheza no estranho acidente de Eduardo Campos


A matéria do Estadão de hoje antecipa as conclusões do inquérito da aeronáutica sobre o acidente com o Cessna Citation 560XLque custou a vida do ex-governador e candidato à presidência da república Eduardo Campos e mais seis pessoas. Pelos vistos a conclusão da investigação atribuirá responsabilidade total ao piloto do jatinho, comandante Marcos Martins. Essa conclusão já havia sido vazada alguns dias depois da tragédia. A versão divulgada pelo Estadão é de algum modo ainda mais bizarra do que aquela primeira. Pouco dado às teorias conspirativas, inicialmente aceitei sem muitas dúvidas a tese de um trágico acidente. Com o passar do tempo e, sobretudo, depois de uma conversa com um experiente proprietário de um jatinho similar passei a ter certas dúvidas que a versão publicada pelo Estadão agora torna ainda maiores.

 O ponto mais obscuro de toda essas história é o da “caixa preta”. Inicialmente aceitei com naturalidade a informação de que a mesma continha apenas gravações de voos anteriores implicando um menor rigor em relação a “caixas pretas” em jatinhos executivos que em voos de carreira.  Esse amigo, no entanto,  me esclareceu que esta informação é tão estranha quanto se estivesse relacionada ao um avião comercial. Não há diferença entre o tratamento da “caixa preta”  num voo comercial ou de jato executivo. Em ambos os casos ela é um item de segurança vital. Decolar com ela desativada para o voo em curso é um gravíssimo erro de segurança totalmente vedado. Curiosamente a conclusão da investigação não parece abordar essa questão, pelo menos nas conclusões divulgadas pelo jornal.  Outro elemento de estranheza seria o fato da “caixa preta” ter sido levada para Brasília por militares quando o laboratório que normalmente fazer essas transcrições está em São Paulo. Esse não seria o procedimento normal.

 Na versão inicialmente vazada à imprensa,  poucos dias depois do acidente, o piloto depois de ter arremetido, em consequência de uma aproximação mal feita,  teria decidido voltar à pista  sem subir até a altura devida, portanto permaneceu em  baixa altitude e teria efetuado numa curva demasiado fechada que teria levado o jatinho a “estolar” sem que ele tivesse conseguido evitar a queda.  Era uma “barbeiragem” absolutamente surpreendente para um piloto de vinte anos de experiência. A nova versão, antecipada pelo Estadão,  é ainda mais incrível: ele teria sido vítima de “desorientação espacial” logo depois da arremetida, não teria se dado conta de que na verdade o Cessna voava de cabeça para baixo e ao acelerar para ganhar altura estaria na verdade acelerando em direção ao solo.


Mas como o jato ficou de cabeça para baixo depois da arremetida? A informação atribui o fato a um recolhimento equivocado de flaps. Estando a baixa altitude, sob as nuvens, como o piloto não percebeu que estava, visualmente ou pelos óbvios efeitos da gravidade??? Impossível não é mas, convenhamos, soa um tanto inverossímil. Outras circunstâncias  contribuem para tornar o caso ainda mais obscuro: até pouco antes da viagem fatal Marina Silva estava programada para voar junto, ela decidiu um pouco antes não ir mais à programação de Santos onde havia o risco de um encontro indesejado com o governador Geraldo Alkmin e queria chegar mais cedo em SP acabou indo para Congonhas num voo da TAM.  Assim salvou-se por um triz. Os adeptos de teorias conspirativas sustentam que ali houve uma tentativa de livrar-se de ambos e dão como argumento que há mais de 22 mil desses aviões em uso e esse foi o primeiro acidente fatal com ele. Tenho grande dificuldade de acreditar nisso e acho que apesar da inexplicável historia da “caixa-preta”  a hipótese mais provável ainda é a de um trágico acidente, mas a aparente conclusão do inquérito da FAB não reforçou em mim essa convicção, muito antes pelo contrário. Penso que caberá uma investigação independente com peritos internacionais para dar um fecho convincente à tragédia.

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