Temos no Rio essas situações “soma zero”. Uma
tremenda discussão sectária com fantasmas e exageros e tendo como resultado uma
paralisia destrutiva. Conheço várias. Consegui vencer algumas: Dois Irmãos,
Bosque da Freguesia, Prainha quando logrei conciliar os interesses da cidade
com os privados. Esses dias vejo dois problemas assim.
O primeiro é o das empenas. Penso que foi um
avanço coibir a poluição visual dos outdoors e similares. Mas estender a
vedação às empenas cegas de prédio me pareceu exagero. Empenas são feias e uma
publicidade de bom gosto é melhor do que aquele paredão cor de burro quando
foge. Penso que no caso seria melhor permitir a ocupação das empenas, ajudar com isso os condomínios e obter uma
contrapartida para a cidade e os artistas plásticos: uma empena com pintura de
artista brasileiro ou residente aqui para cada três com aproveitamento
publicitário. As pinturas seriam
selecionadas com a participação do público pela internet.
Melhor que ficar este tira/bota com briga
judicial interminável.
O outro caso: Cine Leblon. Não conheço o
projeto proposto pelos donos do cinema fechado. Confio na Evelyn da AMA Leblon
que é uma pessoa dedicada e sensata. Talvez o projeto recusado pelo Conselho do
Patrimônio não seja legal. Mas a ideia da intocabilidade do prédio atual e a
recusa de se construir ali um novo, baixo, que viabilize economicamente os
cinemas não me parece sensata. A turma do não-pode soma zero bem que poderia
propor um outro projeto, se esse é de fato ruim, mas manter o tombamento me
parece uma não-solução tola. Aquilo não tem valor arquitetônico nenhum! Como no
caso da APAC o tombamento, um instrumento de patrimônio, foi usado de forma
oblíqua para defender ambiência urbana e
evitar saturação. Concordo que um
espigão ali não seria bom. Mas o instrumento correto seria outro, urbanístico.
Vejo agora a turma anti-APAC se mobilizar.
Estão defendendo o deles. Há anos sustento que aquela APAC, especificamente, tem problemas de concepção dos quais o
principal é usar o tombamento e a proteção para “congelar” edificações sem
valor arquitetônico com o intuito de garantir ambiência. Era melhor usar outros
instrumentos: --tutela, proibição de remembramento de lotes, e limitação de
altura-- para defende-la. Na rua Conde Bernandote, por exemplo,
aqueles prédios do lado esquerdo poderiam sem problema algum ser substituídos
por outros da mesma altura ou com um andar de garagem a mais, com elevador. Na
esquina, do outro lado da rua, foi construído um muito mais alto que indignou
--penso com razão-- os do lado, “apacada”. Tem faltado bom senso e diálogo
inteligente.
Vamos proteger a ambiência com medidas
urbanísticas e o patrimônio com medidas de patrimônio, onde
houver de fato valor arquitetônico intrínseco. E levar em consideração todos interesses
legítimos dialogando com criatividade.
Sirkis, é uma outra aritmética: menos é mais. Neste caso específico do Cine Leblon, basta o projeto ser menos - apresentado conforme os parâmetros ofertados ao proponente - que poderá ser mais: mais adensamento de uso, mais salas de cinema, mais vitalidade.
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