22/01/2013

Netanyahu encontrou seu limite...

Centro/esquerda teve mais votos que direita/extrema direita
Bibi Netanyahu, afinal, perdeu a sua tão anunciada vitória esmagadora. Se considerarmos a polarização --muito simplificadora--  entre os blocos direita,extrema-direita e religiosos versus centro, esquerda e árabes deu 60 a 60 cadeiras no Knesset. Empate com cara de impasse. Politicamente  é uma derrota, eleitoralmente no máximo, uma precária vitória de Pirro para Bibi que continua o melhor posicionado para ser primeiro ministro de uma coalizão qualquer díspare e pracária.


 Há um limite numa sociedade democrática --mesmo numa tão direitizada e alienada como a israelense--  onde governantes podem ir além do razoável e Bibi Netanyahu ultrapassou esse limite de forma escancarada ao desafiar o resto do mundo na questão dos assentamentos na Cisjordânia de Jerusalém Leste e ao colocar Israel na trajetória de um estado de apartheid

 Nesse processo ele entrou num conflito insensato com Barack Obama e passou a interferir diretamente no processo eleitoral norte-americano para desgosto e indignação da grande maioria da comunidade judaica local  que vota democrata, admira o presidente e tem horror da direita fascistódide que domina o governo de Israel.

 O que acontece com a direita israelense, guardadas as proporções e circunstâncias diferenciadas é similar à deriva dos republicanos. "Viajaram na maionese" como se diz. 

Os republicanos tiveram o seu. Bibi ainda pode se safar e formar um governo governo de direita, religisos, centro com o insonso partido Yessh Atid de Yair Lapid, astro do jornalismo televisivo --cujo partido aparentemente será o segundo maior na Knesset-- de convivência impossível com os religiosos do Shaas e muito difícil com a ultradireita do Neftali Bennett. 

Pode ainda obter uma escasse maioria de 62 deputados atraindo apenas o Kadima, do general Shaul Mofaz que, afinal, elegeu 2. 

A não ser que Netanyahu faça o que muitos já previram equivocadamente que faria  --dar uma de De Gaulle e partir para um governo de união nacional que negocie seriamente com os palestinos--  sua trajetória política infletirá ladeira abaixo. Não consigo acreditar que o faça...

 O melhor registro da derrota da  direita extrema de Netanyahu: seu Likud --direitizado pelas primárias que esmagam o setor conservador/liberal-- mais o Beitenu de Liberman tiveram juntos 11 cadeiras a menos e se excluirmos os partidos religiosos e os partidos árabes o bloco Likud/Habit Hayehudi (extrema direita de nova estrela dos colonos Neftali Bennett) terá 5 cadeiras a menos que o bloco centro esquerda (excluídos os partidos de maioria árabe).

 Registro com satisfação a recuperação do Meeretz, único partido sionista com uma posição decente em relação aos palestinos e que, segundo a boca de urna, passa de 3 para 6 deputados, resultado similar ao do partido de Tzipi Livni que durante a campanha manifestou posições favoráveis a uma negociação séria com os palestinos. O Hadash, antigo PC, que tem a vantagem de ser um partido não-sionista com arabes e judeus misturados mas a desvantagem de continuar uma uma visão jurássica de socialismo, também dobrou suas fileiras para 6, o mesmo que a ex-chanceler Tzipi Livni. Os que trabalhistas com Sheli Yasimovich praticamente ignoraram a questão da paz na campanha recuperaram-se em relação a 2009 mas tiveram um resutado bem pior do que as pesquisas lhe prometiam.

 O grand vencedor é Yair Lapid que uma espécie de William Bonner israelense reconvertido para a política e que, de fato, ainda não disse (muito menos mostrou) a que veio.


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