25/04/2012

A grande farsa



 Se houve voto revelador foi esse do Código Florestal. Há dois meses da Rio + 20 uma maioria da Câmara de Deputados de 270 a 180 consentiu brindar-nos com essa vergonha internacional. O texto do Senado já continha pelo menos três problemas graves: enfraquecia a proteção dos manguezais, complicava a arma mais eficaz contra o desmatamento --a supressão de crédito dos bancos oficiais aos desmatadores--  e baixava drasticamente a reserva legal no Amapá (e talvez Roraima) permitindo novos desmatamentos na Amazônia. Com o relatório Piau-piau e dos destaques ruralistas foi o liberou geral: mais umas 30 aberrações detonando nossas florestas, matas ciliares e mangues. 

 Houve também um claro desenho esquerda x direita. Deu pra se ter uma idéia da correlação de forças real depois de oito anos de Lula e um de Dilma. Se não pelo fisiologismo a base do governo do PT fica distante da maioria por uns 50 votos. Mas a base aliada de consistência fisiológica comandada pelo PMDB não pôde ser enquadrada quando precisou. Então de que adianta o fisiologismo? E, na oposição, destaque-se o papel vergonhoso da liderança tucana, ressalvado um maior número de gatos pingados tucanos que votando conosco do que na primeira votação da emenda 164. 

 A bola está com Dilma. Houve desafio a sua autoridade, tentativa de desmoralizar o governo há dois meses da Rio + 20. Nessa hora o presidencialismo tem suas vantagens. Ela pode vetar e ato contínuo articular um projeto de lei de urgência no Senado com a vantagem deseri ali o  voto final. É preciso dar uma lição à direita ruralista e ao fisiologismo parlamentar. Sair do vexame internacional que compromete o papel de vanguarda que o Brasil vem jogando. É como salvar-se de um gol contra. De preferencia com dois de virada. 

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