Na votação do salário mínimo defendíamos uma antecipação de 3% sobre o aumento de 14% previsto para 2012, que daria R$ 560,00, para aportar algo de imediato aos trabalhadores, sem, no entanto, alterar a regra de reajuste do mínimo com ganho real que achamos ser importante para a estabilidade econômica do país. Uma posição que não era nem a intransigência do governo nem a demagogia da oposição. Ela foi assumida na quinta-feira da semana passada depois de uma reunião da bancada do PV com representantes do governo e das centrais sindicais. Foi a primeira emenda a ser protocolada na mesa da Câmara. Para a sua apresentação tivemos a assinatura de "apoiamento" do líder do PSDB. Apoiamento não é apoio é uma forma de permitir a votação das propostas, mesmo que não se concorde com elas. É um ato democrático e de cortesia parlamentar.
O DEM resolveu também apresentar uma proposta de R$ 560,00, só que de aumento absoluto não de antecipação. Sua aprovação quebraria a regra de reajuste com aumento real negociada pelo governo Lula com as centrais sindicais que na nossa visão, responsável, deveria ser preservada. Sugerimos ao governo um leque de opções para compensar a despesa adicional de 4.5 bi, esse ano, para custear os R$ 560,00. (Corte de cargos comissionados, publicidade, Belo Monte, Trem Bala, BR 319, operações com BNDES lesivas ao Tesouro que só se justificavam no auge da crise, em 2009, etc...) mas permanecemos sensíveis à preocupação de uma regra estável para fortalecer a austeridade e o equilíbrio fiscal diante de um repique da inflação a nível internacional. No dia da votação o DEM, inconformado com o fato da nossa emenda estar em pauta antes da deles, deu uma enquadrada no PSDB. Os tucanos retiraram o seu apoiamento à nossa emenda forçando sua retirada de pauta. Depois o DEM fez a mesma coisa com a do PDT, parecida com a nossa, que estava depois da deles. Com isso os tucanos e o DEM, num oportunismo deslavado, quiseram ocupar todo o espaço de alternativa aos R$ 545,00 do governo. E subiram na tribuna para imitar o PT na era FHC. Só faltava o ACM Neto e o Caiado cantarem a Internacional, Bella Ciao e Bandera Rosa na tribuna, brandindo a bandeira vermelha.
Já o blocão do governo ficou feliz da vida porque temiam a nossa emenda e a do PDT. Eram as que poderiam eventualmente rachar suas hostes por serem factíveis e não quebrarem a regra salarial. Com o PV e o PDT escanteados ficou fácil o governo apontar para a "a direita que nunca se importou com os trabalhadores e agora vem fazer demagogia" e para a oposição posar de defensora única dos trabalhadores. Foi uma Santa Aliança negociada por baixo dos panos e boa para os dois. Nos abstivermos na votação da emenda do DEM porque: 1) não era uma antecipação e quebraria a regra salarial 2) seria masoquismo apoiar quem anti-democraticamente nos privou da possibilidade de colocar em votação nossa proposta apoiada pelo movimento sindical 3) não íamos dar essa colher de chá para uma direita oportunista e autoritária nem compactuar com a escandalosa descortesia golpista que comprometeu seriamente o convívio civilizado entre partidos no Parlamento. Essa retirada das assinaturas com as emendas do PV e do PDT já em pauta para serem votadas foi algo insólito nos anais parlamentares.
Em português claro: uma molecagem.
Prezado deputado.
ResponderExcluirParabéns por manter o seu eleitor informado da sua atuação junto ao congresso nacional. E parabéns pela posição sobre o assunto em pauta. De minha parte, apoio que os compromissos assumidos e acordos fechados sejam respeitados, e foi esta a sua posição.