No local paradisíaco onde estou passando uma semana de férias, o arquipélago de Los Roques, no Caribe venezuelano, por uma conexão de internet precária e intermitente, tomo conhecimento da tragédia na região serrana. Está se estabelecendo um padrão enchentes extremas. No ano passado foi na Ilha Grande, uma encosta florestada desabou sobre uma pousada. Agora, essa tragédia não só em encostas desmatadas, precariamente ocupadas e sujeitas a erosão e desmoronamentos, como eram as favelas que a alguns anos atrás desabaram em Petrópolis mas, sólidas construções de gente rica também. O que chama a atenção em primeiro lugar é a violência dessas enchentes.
“São as mudanças climáticas, estúpidos!” temos que gritar parafraseando a famosa frase de James Carville, assessor de Bill Clinton falando da economia. Estamos cantando a bola há tempos e vou repetir o que dizem os cientistas do IPCC: os efeitos do aquecimento global sobre o Brasil serão 20% mais intensos do que a média planetária. Há alto risco de uma “savanização” da Amazônia, é certo que haverá uma desertificação do semi-árido nordestino, e é certo também que as regiões sudeste e sul do Brasil sofrerão fenômenos climáticos extremos, sobretudo enchentes. Já está acontecendo. Salta aos olhos.
Diante disso, o Brasil deve adotar uma posição ainda mais avançada do que a que vem assumido --e que só é avançada porque a dos EUA, China, Índia, etc... é vergonhosamente atrasada—nos foros internacionais, e assumir internamente que as mudanças climáticas são o principal problema de defesa nacional que vamos enfrentar no século XXI. Também assumir que cada região, cada localidade e cada propriedade precisa efetuar sua avaliação de risco, considerando o pior cenário de fenômenos extremos, como a tromba d’água na região serrana. Serão freqüentes. Esses são os fatos e uma nova era de risco se abre, precisamos estudar os caminhos de adaptação e de prevenção, os sistemas de alerta, as ações de emergência e, critérios mais cautelosos para qualquer tipo de construção em encostas ou próxima de cursos d’água. Vamos assumir que estamos entrando numa nova era, mais perigosa.
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