Perdoem os leitores do blog por essa semana de pausa, mas decidi dar um descanso para poder me dedicar ao livro que estou preparando sobre a campanha de Marina, com os blogs do período da mesma e muitos textos inéditos. Acabo de terminar e vou tentar publicar o mais rápido possível como um “instant book” de bate-pronto.
Esses dias tem havido arrastões e incêndio de carros na zona norte e sul. Rua Faro, duas vezes, Humaitá, Tijuca, túnel Santa Bárbara, rua Paulo VI, no Flamengo. Nas vizinhanças do Palácio Guanabara, a rua Presidente Carlos de Campos vem registrando freqüentes assaltos. O comentário entre jornalistas que cobrem as editorias de polícias que conheço é que, de fato, trata-se de uma represália de facções do tráfico pela ocupação pelas UPPs de algumas pequenas favelas que controlavam, nas zonas sul e norte. Dizem que quando se iniciar a ocupação prevista de favelas de médio porte isso vai se intensificar, e caso se estenda para os maiores bastiões do tráfico, a Rocinha e o Complexo do Alemão, vai ser o caos.
Penso que o Rio vai ter que enfrentar esse desafio e acabar de uma vez por todas com o controle territorial das facções poderosamente armadas do narco-varejo. É uma situação intolerável que desafia o estado democrático de direito, e a sociedade deve fazer sacrifícios para acabar com essa ditadura militar local do tráfico e dos grupos para-policais mafiosos erradamente chamados de “milícias”.
A questão é que seria uma temeridade partir para uma batalha final com a polícia nas condições em que está. Não se pode empenhar um efetivo enorme nas favelas e deixar desguarnecido ou mal policiado o asfalto. Falta efetivo e falta qualidade de policiamento ostensivo. A escala de serviço e o duplo emprego fazem com que se conte diariamente com uma pequena parte do efetivo da PM. Já recebi informações de que menos de 2 500 homens asseguram diariamente o policiamento das ruas do Rio, de um efetivo de 38 mil. Por outro lado, venho defendendo a tese (e o cel. Mário Sérgio, comandante geral da PM, concorda) de que o policiamento básico da cidade precisa ser feito a pé. O policiamento em viatura é de má qualidade, não cria vínculos com a população e a qualidade da observação é ruim. Vi em Bogotá uma cidade, de sete milhões de habitantes, sendo policiada a pé, em grupos de três, com contato visual e rádio entre si e cobrindo todo o território. Mas lá, a Policia Nacional, em 16 mil homens, tem dedicação exclusiva. São bem pagos e trabalham única e exclusivamente na segurança pública.
Defendi na campanha e vou lutar em Brasília por um Fundo Nacional de Segurança que possa complementar o salário dos policiais para o nível disposto na PEC 300, para poder, em contrapartida impor de fato a dedicação exclusiva, o que vai aumentar de imediato o efetivo disponível e melhorar a qualidade. Vejo com preocupação que o governo Dilma prepara-se para tentar derrotar no Congresso a PEC 300. Vou lutar para garantí-la dentro do contexto que mencionei. O governo deveria estar estudando como transformar, o que não pode ser uma bandeira meramente corporativa, num fator que propicie uma profunda reforma na segurança pública. Há formas criativas de assimilar esse aumento sem as conseqüências fiscais adversas temidas. Voltarei ao assunto.
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