19/08/2010

Marina como Wally

Desgraçadamente, sou obrigado a voltar ao assunto. Garantiram que ia mudar o programa mas isso não aconteceu. Repetiram de tarde o Discovery Channel sem a menor consideração pelas críticas generalizadas. A explicação é a praxe de trocar o programa à noite para não abrir o jogo antes do horário de maior audiência. Bom, mas isso em condições normais. Na condição de ter feito uma peça desastrosa que comunica o contrário do que precisamos comunicar um mínimo de sentido de urgência fazia-se necessário. Não foi o caso.

À noite, o segundo programa. Novamente, um erro crasso de comunicação política. Sai o Discovery Channel entra o teatro experimental. É interessante e, até, “politicamente correta” a idéia da história de vida de Marina ser narrada por homens e mulheres comuns do povo brasileiro. Entendo a nobre intenção. Um pequeno problema: não comunica...

Apenas um atento conhecedor da história de vida de Marina Silva percebe do que se trata. Para o telespectador comum fica confuso, cacófono. A mensagem escorre para um labirinto com som de jogral. A atenção do telespectador, sôfrego por sua novela, dissipa-se pela sala de jantar. Aí, Marina surge fugazmente, mal iluminada, num plano que não valoriza seu rosto expressivo, seu sorriso, seu olhar.

Nossa candidata à presidência vira atriz coadjuvante de sua própria saga.

É verdade, saímos da monotemática, mas os temas são simplesmente atirados ao léu, educação-saúde-meio ambiente, sem o protagonismo da personagem principal. Num filme de ficção já seria grave, numa campanha presidencial flirta o fatal.

Ter Marina olho no olho, falando da sua vida e das suas propostas por 1 minutos e 20 com 4 segundos de vinheta de entrada e saída, a simplicidade máxima, seria muito melhor que essa busca pretensiosa de um outro protagonismo que não o dela, Marina, mas do programa que ameaça devorá-la.

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