14/04/2015

Da enésima morte das savelhas

Há registros da mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas desde a era colonial. O fenômeno tornou-se mais frequente depois que reduziu-se a troca de suas águas com as do mar pelo estreitamento do canal, hoje do Jardim de Alá. O perímetro da lagoa também diminuiu com a urbanização.

A mortandade é provocada por emanações de gás provenientes da camada de lodo no fundo quando revolvida por ventos e mudanças bruscas de temperatura. O excesso de nutrientes priva os peixes de oxigênio e começam a morrer os mais vulneráveis, as savelhas.  Ao contrário do mito, o esgoto não é a causa direta embora possa ser agravante, já que aporta mais nutrientes. De qualquer maneira há hoje bem menos esgotos na Lagoa do que na época dos "abraços" de 86 e 2000.

A solução é aumentar a oxigenação da água da lagoa. Há formas diferentes de fazer isso: bombeamento, aeração laminar  mas a melhor forma, por estudos, debates e exercícios  que fizemos seria aumentar a troca com a água do mar mediante  um enrocamento na entrada do canal do J. de Alá. Alguns idiotas dentro do governo do estado conseguiram impedir essa solução, em 2005. 

 Na sua fase toda poderosa o Eike Batista anunciou a "solução" patrocinando a remoção de lodo em alguns trechos o que melhorou um pouco e por um tempo mas não solucionou o problema.

Sugiro a leitura desses meus textos de outras mortandades de peixe: Em 2010 http://www2.sirkis.com.br/noticia.kmf… em 2007:  http://www2.sirkis.com.br/noticia.kmf… e: http://www2.sirkis.com.br/noticia.kmf…  todos 

eles ilustram como somos incapazes de enfrentar com objetividade nossos problemas por causa dessa  cultura de "jogo de soma zero" que temos no Rio. Sempre que uma solução era encaminhada os partidários das outras se juntavam para bloquea-la.


Enquanto não houver um troca mais intensa com a água do mar ou uma outra forma de oxigenação vai continuar a morrer peixe periodicamente. Já que não somos capazes de solucionar esse problema que não chega a ser nada  cientificamente complexo, vamos, como lembra o Moscatelli, pelo menos, melhorar a eficiência na recolha dos peixes mortos para que não fedam tanto...


Confesso meu desânimo depois de tantos anos tentando prevenir as mortandades de peixe na lagoa. Há poucos problemas cariocas que me irritam tanto como esse,  sobretudo quando me lembro o quão perto estivemos, em 2005,  de soluciona-lo não fosse a babaquice --inclusive de alguns pseudo ambientalistas-- que acabou prevalecendo (via governo do estado) porque é sempre mais fácil embarreirar uma solução do que solucionar um problema. 

Um comentário:

  1. Me encanta quando você fala lindamente de oxigenar águas num mundo marcado por contradições tão cruéis Helenice Maria

    ResponderExcluir