03/08/2013

A hora do solar




Em menos a China tornou-se líder no mercado de energia solar. Hoje domina mais de 60% do Mercado internacional.  Sua produção massiva da última década calcada numa política industrial e, inegavelmente, um grande apoio governamental levou a uma redução de 80% no preço dos painéis fotovoltaicos dado revolucionário no campo energético que apenas nosso ministério de Minas e Energia tarda em assimilar.

 Os chineses acabam de obter uma vitória importante com o recuo das medidas protecionistas na União Europeia. De fato não havia sentido proteger uma indústria local pouco competitiva faz mais sentido associar-se aos chineses na viabilização econômica do solar e descobrir dentro dele o nicho onde se pode ser competitivo. Por exemplo: baterias de alta capacidade ou inversores supereficientes. O mesmo vale para o Brasil. Penso que a melhor política seria suprimir o IPI sobre os “wafers” solares desde que importados como insumo para a montagem dos painéis aqui e descobrir dentro da cadeia do solar onde podemos ser competitivos. Não faz sentido um protecionismo linear, burro.

   O Brasil tem uma insolação privilegiada e abundante disponibilidade de silício de boa qualidade mas ficou deitado em berço esplêndido enquanto Alemanha, Espanha, EUA e China investiam e competiam. Ficamos vergonhosamente para trás. Não há mais tempo para reinventar a pólvora e nos tornarmos competitivos em  painéis. Precisamos encontrar outros nichos. Também não cabe adotarmos as tarifas feed-in  que remuneram o solar até quatro vezes mais que o preço da energia convencional.

 Precisamos dispor de redes  “inteligentes” capazes de receber a produção solar de telhados e fachadas, medi-la e abatê-la da conta de luz do consumidor. As concessionárias deverão ter que comprar pelo mesmo preço que lhe vendem. Precisamos estimular o solar em prédios públicos, equipamentos e  edificações de apoio da Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e,  combinado com o aquecimento solar da água,  em programas de habitação. 

 Avançou-se algo na regulamentação da ANEEL que deu marco legal à chamada geração distribuída, a possibilidade de consumidores residenciais, industrias, comerciais e institucionais geraram energia solar nas suas instalações e venderem para a concessionária. Ainda há bloqueios como a mal resolvida questão da geração condominial  --o desconto da "venda" de energia distribuída  podendo beneficiar apenas o mesmo CNPJ que a produz--  a cobrança de ICMS e o “corpo mole” das próprias concessionárias no cumprimento de suas obrigações em relação ao chamado smart grid a rede elétrica capaz de receber e não apenas distribuir energia.

 Há também um estrangulamento em termos de mão de obra, pouquíssimos técnicos habilitados a fazer essas instalações solares. Milhares de empregos poderiam ser gerados no futuro próximo em torno de uma atividade que demanda mão de obra abundante. Ano passado fiz uma emenda parlamentar para o SENAI poder fazer um curso nesse sentido que foi bicotada pelo ministério de Minas e  Energia. Esse ano aguardo melhor sorte com outra a ser feita pelo ministério do Meio Ambiente mais simpático ao tema, em parceria com a COPPE e o Centro Brasil China.

Vamos deixar o sol brilhar, energeticamente, também para nós?



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