19/11/2019

O que nos dizem os dados do PRODES?

   
O desmatamento na Amazônia de agosto de 2018 a junho de 2019 aumentou em 29,5% passando de 7536 km2 para 9765 km2. Um aumento em relação a 2018 já estava previsto de agosto a dezembro de 2018. Anos eleitorais são propensos ao aumento do desmatamento, em geral, e naquele ano em específico um dos candidatos favoritos fez um discurso de claro incitamento contra as instituições de fiscalização e se solidarizou seguidas vezes com os desmatadores e garimpeiros sinalizando sua impunidade.

  Nos seis meses que se seguiram à posse de Bolsonaro, ao incitamento político –que cresceu mais ainda--  se juntou o desmantelamento das instituições de “comando e controle” como o IBAMA(que já vinha com um grave problema de carência de efetivo) e ICMbio, a tentativa de desmoralização do INPE,  bem como, de uma pletora de normas, decretos e outros atos legais de proteção às florestas. Agravaram-se as ameaças e as violências contra servidores públicos da área ambiental e o próprio presidente --incorrendo em crime de responsabilidade--  anunciou que coibiria a destruição de tratores, barcaças de garimpo e outros equipamentos de desmatamento e poluição criando um obstáculo ainda maior ao combate prático ao desmatamento que, no caso da Amazônia, se dá principalmente em florestas públicas sem destinação mas também em unidades de conservação. Seus responsáveis são na sua maioria grileiros que ocupam essas áreas para desmatar, valorizar e vender, colocando uma pecuária de baixíssima produtividade para representar a posse da área apropriada e subtraída ao patrimônio público.

 Analisando estado por estado, o mais atingido, conforme vem acontecendo há anos, é o Pará com 3862 km2 desmatados num aumento de 42% em relação ao ano anterior. Em termos relativos os maiores percentuais de desmatamento ocorreram em Roraima e no Acre, respectivamente 216% e 55%.

 Chama a atenção o caso do Amazonas porque ainda é um estado carbono negativo (junto com Amapá e Roraima) onde o desmatamento está se instalando com grande velocidade e intensidade. Já atinge a 1421 km2 num aumento de 36% em comparação com o ano passado e 15% em relação  ao ano de maior desmatamento na Amazônia, neste século, 2004.  

O desmatamento no Amazonas se dá principalmente no sul e tem um vínculo claro com modalidades de banditismo e tráfico, inclusive com a presença de narco-terroristas provenientes de países vizinhos.  

 O desmatamento no Pará, embora em termos absolutos  o mais alto, com um aumento de 41%  em relação ao ano passado ainda está  56% abaixo desse ápice de 2004.  

O estado do Amapá, além de ser o de menor desmatamento, em termos absolutos: apenas 8 km2 também é um dos três em que o desmatamento diminuiu nesse período com uma queda de 67% em relação a 2018 e 83% em relação a 2004. No Maranhão também houve uma redução do desmatamento 15% em relação ao ano passado e 72% em relação a 2004.


O caso de Rondônia é curioso pois o seu governador, junto com o do Acre e de Roraima, forma o trio mais afinado com o governo Bolsonaro mas, ao contrario dos outros dois, em Rondônia os números do PRODES mostraram uma redução do desmatamento de 5% e de 68% em relação a 2004. Em termos absolutos, a ordem decrescente em  volume absoluto  desmatado, em 2019  dentre os estados amazônicos, é: Pará, Mato Grosso (onde há um forte desmatamento legal), Amazonas, Roraima, Acre, Roraima, Maranhão, Tocantins e Amapá.

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