Eu não devia ter chamado o Aldo Rebelo de canalha e traidor e fico triste que minha diária prática de meditação sida yoga ainda não me tenha, depois de tantos anos, aberto o caminho do sereno controle da raiva. De fato me deu muita quando depois de quase 15 horas de plenário ele primeiro apareceu fazendo um discurso arrogante acusando os ambientalistas de estarem a serviço da agricultura francesa e norte-americana, depois resolveu dizer a besteira que os créditos de carbono eram uma conspiração estrangeira --foram uma conquista das nossa diplomacia, em Kioto-- aí surgiu com um relatório diferente do que supostamente tinha negociado com o governo e, finalmente, fez um ataque ignóbil a Marina Silva caluniando seu marido Fábio Vaz. Foi aí que explodi e cai no destempero. Penso que deveria, simplesmente ter, como o fez do deputado Sibá, do PT do Acre, mostrado a injustiça e a calúnia de Aldo contra Fábio Vaz e ter mostrado como nesse episódio ele se desqualificou, definitivamente, enquanto relator dessa matéria pela sua total parcialidade, arrogância e, no episódio, falta de ética.
Nada melhor que ler os autos a começar pelo Twitter da Marina:
"Estou no plenário da Câmara. Aldo Rebelo apresentou um novo texto, com novas pegadinhas, minutos antes da votação. Como pode ser votado?"
Uma crítica normal factual, sem nenhuma referência a "ter fraudado" como ele pretendeu na sua vitimização que precedeu a calúnia contra Fábio Vaz.
Estratos do que rolou no plenário, na transcição (sem revisão) da taquigrafia:
O SR. ALDO REBELO (Bloco/PCdoB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero prestar à Casa um esclarecimento que se faz necessário a partir da fala do Líder do PT, Deputado Paulo Teixeira.
O texto que apresentei na noite de hoje é de conhecimento dos Líderes partidários que se encontravam na Liderança do Governo; é do conhecimento do Líder do Governo, Deputado Cândido Vaccarezza; é do conhecimento do Líder do PMDB, Deputado Henrique Eduardo Alves. Foi corrigido e redigido pelo Assessor da Liderança do Governo nesta Casa (aplausos e apupos nas galerias), sob o testemunho do Deputado Cândido Vaccarezza, Líder do Governo, e do Deputado Henrique Eduardo Alves, que não arredou pé enquanto esse texto era ajustado na sua forma final.
A fala infeliz do Deputado Paulo Teixeira deu razão a que a ex-Senadora Marina Silva postasse em seu twitter que eu fraudei o texto. Quem fraudou contrabando de madeira foi o marido de Marina Silva, defendido por mim nesta Casa quando eu era Líder do Governo (Manifestações das galerias.) Foi divulgado na imprensa da época. Quando Líder do Governo, evitei o depoimento do marido de D. Marina. Como Líder do Governo, evitei o depoimento do marido de D. Marina. (Manifestação das galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - V.Exa. pode continuar, Deputado Aldo Rebelo.
O SR. PAULO TEIXEIRA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O Deputado Aldo Rebelo está com a palavra.
O SR. ALDO REBELO - Portanto, Sr. Presidente, esta Casa conhece a minha trajetória na condição de Ministro, de Líder do Governo, de Líder de bancada, de simples Deputado ou de Presidentedesta Casa. Tenho um nome honrado e respeitado por todos, e esse patrimônio eu não admito que seja posto em dúvida. Se o texto que foi apresentado não correspondeu à expectativa de todos os Parlamentares, foi o texto submetido à aprovação e à verificação dos Líderes que estavam na Liderança do Governo, do Líder Vaccarezza, do Líder Henrique Eduardo Alves. Presto esse esclarecimento e repudio mais uma vez a leviandade da ex-Senadora Marina Silva.
Posso trabalhar e ajudar os agricultores brasileiros, mas V.Exa., esta Casa e o Brasil nunca vão me ver transformado em agente dos interesses externos e da agricultura dos países ricos. (Palmas.) (Manifestação em apoio ao Deputado Aldo Rebelo no plenário e nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Concedo a palavra ao Deputado Paulo Teixeira, que foi citado.
Peço a V.Exas. que tenham sensibilidade e façam suas falas num tom que possam ser compreendidos pela sociedade brasileira, a fim de que não tenhamos problemas na condução do trabalho no plenário.
A Presidência não quer de forma alguma tolher os Deputados, mas o fará se as falas aqui não estiverem adequadas ao decoro parlamentar, que é fundamental para o exercício da democracia nesta Casa.
Deputado Paulo Teixeira, V.Exa. tem a palavra.
O SR. PAULO TEIXEIRA (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero explicar meu discurso e depois prestar minha solidariedade ao Deputado Aldo Rebelo.
Eu disse e repito da tribuna que às 21h recebi um texto que era objeto do acordo entre os Líderes. Esse texto foi lido por nós durante 1h30min e chegamos a um segundo acordo que possibilitou que eu viesse a este microfone convidar os Deputados do PT para virem ao plenário votar.
Depois que recebemos esse texto, o próprio Deputado Aldo Rebelo disse que o texto havia sido modificado. Alguns Líderes tiveram conhecimento dessas modificações, mas eu não. Tal fato me desobriga de votar em algo de que não tive conhecimento.
E uma frase singela do primeiro texto, que dizia: reduzir exclusivamente para fins de recomposição, mudou para o termo regularização. O que se propôs no segundo texto é muito diferente do que pretendíamos votar.
Eu usei a palavra modificação. Por isso, justifico a posição que tomei aqui, reafirmando que o segundo texto tinha modificações com as quais não sentíamos mais tranquilidade de votar, como sentimos na primeira versão.
Agora, se alguém colocou no twitter um termo, segundo disse o Deputado Aldo Rebelo, quero me solidarizar com S.Exa. Eu não utilizei aquele termo. E não autorizo ninguém a usar das minhas palavras para ofender o Deputado Aldo Rebelo, a quem quero prestar homenagem pela história que tem. Foi Presidente desta Casa, um Deputado respeitado, aliado nosso de primeira hora, homem que tem a sua vida dedicada a este País, ainda que tenhamos divergências, como ocorreu nesse processo.
Então, não concordo em utilizar a palavra fraude como S.Exa. alega aqui, dizendo que foi trazido no Twitter de outra pessoa, e essa palavra não foi nunca utilizada por mim! Eu me solidarizo com S.Exa. Não assumo essa acusação! Porém, justifico que essa mudança não éo mesmo conteúdo que nós tínhamos anteriormente. Por isso, queremos prosseguir o debate e justifiquei que uma parte era isso e a outra parte é a vontade da Oposição de pescar em águas turvas e desvirtuar o Código Florestal nesta sessão.
Então, tenho pelo Deputado apreço e respeito. Vou continuar devotando respeito, mas, quando houver divergência, devo, por obrigação de fidelidade aos valores que orientam o nosso partido, explicitar aquelas divergências que considere necessário. O fato de outros Líderes terem conhecido o texto não obriga a bancada do Partido dos Trabalhadores a seguir posição diversa daquela que foi submetida a 1 hora e meia antes e concordou, entusiasticamente, em votar o texto nesta noite, Sr. Presidente. (Palmas.)
[observação: O deputado Paulo Teixeira, líder do PT, cuja atuação em todo processo vem sendo correta deveria ter se certificado do teor do tweet de Marina, antes de cair na história de Aldo. Mas no essencial coloca os pingos nos ís em relação à pegadinha no relatório]
O SR. SIBÁ MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SIBÁ MACHADO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em razão de uma citação que considero da maior gravidade, solicito a V.Exa. um esclarecimento para que continuemos o debate. Ouvi atentamente o nosso Líder, que já expôs as suas preocupações, com quem concordo plenamente. No que diz respeito à citação do esposo da nossa companheira Marina Silva, que é uma grande prestadora de serviço ao Estado do Acre, que trabalhou fortemente para a construção do nosso partido, gostaria que o Deputado Aldo Rebelo, se possível, retire dos Anais da Casa a palavra proferida. Não tem a menor consistência o que disse com a realidade dos fatos. Conheço-o pessoalmente há mais de 20 anos. Não posso concordar que a citação dita aqui seja registrada nos Anais da Casa.
Sr. Presidente, V.Exa. está conduzindo de forma brilhante este trabalho tão polêmico. Portanto, na linha do que o nosso Líder Paulo Teixeira colocou, solicito ao Deputado Aldo Rebelo que, de maneira tranquila, retire o que disse.
(Não identificado) - Então, mande também ela retirar o que falou do Deputado Aldo.
O SR. DR. ALUIZIO (Bloco/PV-RJ.- Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DR. ALUIZIO (Bloco/PV-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Partido Verde se faz representar na Casa desde às 9 horas e vê agora uma agressão àdemocracia. Lamento, profundamente, a fala do Deputado Aldo Rebelo, que não tem direito, pela sua história, de repetir o que disse a respeito da Senadora Marina Silva. O Deputado Aldo Rebelo, na sua importância para o País, na sua importância para a sociedade brasileira, acaba de ofender não só o Partido Verde, mas 20 milhões de cidadãos brasileiros que nela votaram. O Partido Verde exige, com toda serenidade, que o Deputado Aldo Rebelo se retrate sobre o que foi falado nesta noite. Não cabe numa Casa democrática uma afirmação como essa.
[com sua serenidade de elegância Aloísio fechou o episódio]
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