15/08/2012

IDEB e a nuvenzinha de Freixo


  Me lembro bem de um momento naquele (de fato chatíssimo)  debate da Band. Foi quando o Marcelo Freixo com aquele olhar de tudo-vai-mal disse que o nível do ensino do município do Rio de Janeiro, pelo Enem era o pior das capitais do Brasil. Depois recolocou dizendo que nosso IDEB era o pior da capitais da região ficando a frente apenas do norte e nordeste.  Afinal, hoje os jornais trazem o Rio com um forte avanço de 3,6 para 4,4 em dois anos deixando-o em sexto dentre as capitais e em terceiro na região, atrás de Florianópolis e Belo Horizonte mas à frente de São Paulo e –para mim surpreendentemente—Porto Alegre.  São números tanto mais significativos pelo fato do sistema de aprovação automática no passado ter favorecido artificialmente nosso ranking e sua supressão levado a um deterioro estatístico agora superado.

 Felizmente a Aspásia não entrou nessa dinâmica onde para fazermos campanha temos que jogar para baixo nossa cidade. Ela botou o dedo numa ferida da qual não há como fugir: o saneamento. Esse de fato não avança por causa do imbróglio que vem desde a época da famigerada fusão e do PLANASA e a doença, todos sabemos, chama-se CEDAE.  Precisamos procurar uma maneira de municipalizar e colocar sob controle social mínimo a distribuição de água com qualidade e mínimo de desperdício e o saneamento com tratamento de esgoto. Não podemos separa-los, como malandramente a CEDAE vem fazendo pois é fácil cobrar pela água mas impossível só pelo esgoto.

 Voltando à educação. Sou adepto de razoáveis estratégias de ação afirmativa incluindo as famosas cotas, por tempo determinado, numa escala bem calculada e, sobretudo, baseadas num grande investimento para uma forte melhoria da qualidade geral de ensino. O resultante final da reforma do governo  não parece garantir  nada disso e, eventualmente, pode apontar para um deterioro generalizado da qualidade do ensino público superior.

 Não é como sustenta a esquerda sindicalista-corporativista   apenas uma questão de percentual do PIB investido na educação ou do salário dos professores, (que precisa ser melhorado, sem sombra de dúvida!) . Há países que investem um percentual geral inferior ao nosso do PIB em educação e têm resultados melhores. Por outro lado, o puro e simples aumento de salários, linear sem um critério de premiação por performance em relação ao melhor aproveitamento dos alunos e ao permanente aperfeiçoamento profissional dos mestres, é uma bandeira corporativista que, por si só,  não avança a qualidade do ensino. As direções sindicais, via de regra, reagem mal contra essa visão, sustentam com unhas e dentes que o tratamento deva ser igual para todos, ou seja,  que o professor acomodado e negligente mereça o mesmo que o dedicado e competente. Não penso que deva ser assim se queremos avançar e acho que essa é uma pauta importante a ser discutida.

 Finalmente em relação ao avanço do Rio no IDEB minha homenagem à Cláudia Costin que esses dias passa pelo drama de ter perdido ao pai. Naquele debate ela foi alvo de uma referencia deselegante por ser paulistana. Nada mais anti-carioca... 

Valeu Cláudia! 


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