O
tópico que eventualmente poderá resultar em algum avanço na Rio + 20 é o da
economia verde. O outro tema da conferencia oficial, a governança global, vai mal das pernas. Conquanto importantíssimo
não tem condições de prosperar numa conjuntura marcada pela crise na zona do
euro e uma campanha eleitoral norte-americana na qual a ONU virou o Judas dos
republicanos do Tea Party. Curiosamente a ainda etérea economia verde já virou
alvo do nosso Tea Party pela esquerda, local.
Apatetados frente a uma discussão do século XXI buscam o aconchego ideológico
do século passado: não será a economia verde a nova face do neoliberalismo já
que não contesta o capitalismo? É
bizarro porque salta aos olhos que o planeta, incluindo China, Cuba,
Vietnam, é uma economia de mercado. Tecnicamente
o único país socialista que resta é a Coreia do Norte.
Economia verde é um conceito vago em busca
definições claras e práticas. A Rio + 20 é uma oportunidade para esboçar o
caminho de uma economia de baixo carbono compatível com a preservação da
biodiversidade e da vida no planeta. Isso precisa resultar em ações que ocupem
o vazio do capitalismo recessivo, especulativo, concentrador de renda, das
últimas décadas, com um novo ciclo de crescimento
neo-keynesiano pelo viés da sustentabilidade, forte geração de empregos com o
grande desafio de atrair os trilhões de
dólares da especulação financeira para uma economia produtiva de baixo carbono.
Quatro grandes propostas podem qualificar os
passos iniciais rumo a uma economia verde: 1 – revisão do PIB como indicador-mor do
desenvolvimento. A destruição ambiental e social não pode ser contabilizada
como é atualmente. 2 - Um New Deal verde global: um grande
investimento público de governos e bancos multilaterais em inovação tecnológica,
energias limpas, mega- reflorestamentos,
reconversão de sistemas de transporte e saneamento. 3 – Uma mudança nos sistema
tributários nacionais substituindo tributos/subsídios ambiental e socialmente
regressivos por uma taxação nacional e internacional da intensidade de carbono.
4 – A atribuição de valor econômico a serviços ambientais prestados pelos
ecossistemas.
Em vez
de se perder no labirinto de um Draft
Zero com suas duas centenas de páginas os negociadores da Rio + 20 deveriam
trilhar o caminho da simplicidade. Essas quatro ações somadas às “metas de
desenvolvimento sustentável” serviriam para assegurar o sucesso possível da Rio
+ 20. Ao contrário da Rio 92 que
simplesmente fechou as Convenções do Clima, Biodiversidade e Desertificação e a
Agenda 21 já vinham sendo negociadas há anos, os dois temas da Rio + 20 estão
no início de seu processo de discussão na ONU embora não sejam tão novos assim.
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