09/05/2012

O metrô e as árvores

O Zuenir cobra de mim, Gabeira, Minc e Aspásia uma postura contra o corte de árvores pelas obras do metrô. Enviei ao Globo a seguinte carta (quem sabe publicarão?):

"Em relação ao questionamento de Zuenir Ventura de ainda não ter ouvido nosso posicionamento em relação às árvores da Praça Nossa Senhora da Paz,  gostaria de esclarecer que boa parte delas ainda está ali  porque  como secretário de urbanismo, entre 2001 e 2006, tive o poder de barrar aquele projeto de estacionamento subterrâneo que previa sua remoção. 

 Ainda não tive a oportunidade de me opor com estridência a essa nova investida porque não disponho ainda das informações detalhadas de quantas e quais as árvores que cogitam retirar para construir essa estação do metro nem aquelas informações de que preciso para me posicionar  se ela sequer deve ser construída ou se é melhor Ipanema servida apenas pelas estações da General Osório e Jardim de Alá,  implicando em caminhadas mais longas. 

 Sei que nos tempos que correm é preciso tratar tudo de  "bate-pronto", mas não consigo perder esse hábito de  reunir informações confiáveis antes de sair atirando. Além de me opor --isso é facil--  gostaria de poder apresentar boas alternativas já que tanto as árvores quanto o metrô são importantes para o Rio e para Ipanema."

 Evidentemente prezo muito a arborização pública, especialmente aquelas especies lindas da Praça N.S. da Paz, estou tentando com a FPJ e com a SMAC a relação, localização e descrição daquelas que o metrô cogita retirar. Pela minha experiência modificações de projeto sempre permitem que se reduza bastante o número de cortes previstos. Por outro lado,  pedi também informações sobre a própria necessidade dessa estação. Ao contrário do estacionamento subterrâneo que consegui barrar na época, o metrô é uma obra necessária. Essa estação talvez não o seja ou, talvez,  seu projeto posa ser modificado de forma a reduzir drasticamente esses danos ambientais. Reunir informações, discutir situações e imaginar alternativas demanda um certo tempo. 

 O mais fácil sempre é sair atirando. As vezes se acerta, as vezes não. Lembro-me da campanha do Millor Fernandes contra o projeto Rio Orla e as primeiras ciclovias cariocas.  Por ter conseguido com Marcello Alencar a inclusão de ciclovias no projeto e por apoiar nestes termos o Rio Orla ele me acusou de "só querer saber da Amazônia"  enquanto no canteiro central da Av Vieira Souto promovia-se um ignóbil  "ecocídio". Millor se preocupava com algumas dezenas de amendoeiras que nunca conseguiram se desenvolver direito por causa do vento e que a FPJ teve o cuidado de retirar com as raízes, levar para o horto do Caju e depois replantar no mesmo local, uma boa parte delas. Mas para quem lesse o Millor parecia que de fato promovia-se um desmatamento de proporções amazônicas... Hoje,  as mais resistentes continuam no canteiro e outras espécies mais apropriadas, como palmeiras, foram plantadas ali e vingaram bem. Ninguém mais critica aquela ciclovia,  um marco na vida carioca. 

 Não penso que essa seja o mesmo tipo de situação, as árvores da praça são super significativas e precisamos discutir a necessidade estação. Quem sabe até promover um referendo no bairro? Por mim ficaríamos com estações apenas nas extremidades de Ipanema. Andar quatro quarteirões para um lado ou cinco para o outro não chega a ser um drama mas pode haver opiniões contrárias, sobretudo do pessoal mais idoso.   Quem sabe nova idéias como calçadas rolantes?  É preciso haver mais diálogo. Nós cariocas não somos muito bons nisso.






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