Para quem não teve a honra de conhecê-lo, meu testemunho:
Conheci o Chico Mendes em Xapuri, em 1987. Foi uma amizade
intensa, instantânea, e um pacto
imediato de apoio nosso à luta dos seringueiros que, na nossa ótica, representava a junção das lutas sociais e
ambientais. Voltando ao Rio passei a montar uma rede de apoio ao Chico Mendes
que logo veio ao Rio e participou de um encontro dos verdes em Petrópolis.
Tinha uma constante preocupação com o Chico
que estava ameaçado de morte por vários pecuaristas que tinha impedido de
ampliar sua "fronteira de pasto" realizando "empates". Um
deles, Darli Alves, era o mais perigoso. O mais preocupante é que parecia haver
uma ligação da Policia Federal, supostamente lá para proteger Chico, com os
fazendeiros que o ameaçavam, inclusive Darli. O Conselho Nacional de
Serigneiros descobriu que ele cometera crimes de morte no Paraná e tinha
inclusive um mandado de prisão por lá. A informação foi vazada para ele que foi
se esconder na floresta. Jurou de morte
o Chico que considerava responsável por essa revelação de seus antecedentes
criminais.
No
Rio, logo depois das eleições de novembro de 88, organizamos um grande ato
chamado Salve a Amazônia. Consistia de uma maratona andando, correndo e
pedalando do Jardim Botânico ao Monumento a Estácio de Sá, no Aterro do
Flamengo e a colocação de um imenso pano de juta com os dizeres Salve a
Amazônia. Vejo e revejo as cenas: Betinho, Lucélia Santos, John Neschling,
Gabeira, Minc, Nei Matogrosso, Luise Cardoso. Há uma cena do Chico conversando
comigo no meu velho Opala verde oliva quando nos dirigíamos ao bondinho do Pão
de Açucar. Falavamos sobre seus
problemas de segurança e ele admitindo o perigo do tal Darli Alves, e eu
tentando convencê-lo a ficar no Rio até que conseguissimos fundos para
contratar um grupo de seguranças particulares pois, pelas histórias que ele
contava, os policiais que o protegiam eram pouco confiáveis.
A
certa altura achei que o tinha convencido. Nossas amigas Rosa e Dora também
faziam pressão nesse sentido. O Chico decidiu ficar no Rio. Depois por pressão
da esposa que ficara sozinha --queríamos trazer a familia dele também-- ele
decidiu passar o Natal em Xapuri...
Um mês depois foi assassinado. Tornou-se um
mártir internacional da causa ecológica, um símbolo, uma bandeira de luta mas a
perda foi irreparável. Era um ser humano extraordinário:generoso, sensível,
divertido e um dos poucos quadros capazes de unificar em torno de uma causa
comum setores díspares. Não se encontrou mais um líder com as mesmas
características. A causa da Amazônia tornou-se internacional com a repercussão
de sua morte mas penso que teria feito muito mais, vivo. Com os que ficamos
permanece a obrigação de não deixar que sua morte tenha sido em vão. Isso hoje
se expressa na luta para que o Brasil cumpra
metas de redução de queimadas e desmatamentos.
Isso foi obtido quando o desmatamento caiu de 27 mil km2 em 2004 para pouco mais de 4 mil, em 2012. Atualmente volta a aumentar (8 mil) ano passado e um aumento de 48% só nos três meses da campanha eleitoral. A uma tendência ao aumento do desmatamento e das emissões em 2019. Isso irá provocar reações variadas national e internacionalmente.
Um cosa é certa: Chico Mendes será mais assunto.
Isso foi obtido quando o desmatamento caiu de 27 mil km2 em 2004 para pouco mais de 4 mil, em 2012. Atualmente volta a aumentar (8 mil) ano passado e um aumento de 48% só nos três meses da campanha eleitoral. A uma tendência ao aumento do desmatamento e das emissões em 2019. Isso irá provocar reações variadas national e internacionalmente.
Um cosa é certa: Chico Mendes será mais assunto.
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